Login do usuário

Aramis

Nicholson em dupla dose de bom talento

Há atores que garantem o interesse de um filme. Jack Nicholson, é um exemplo dos mais representativos. Aos 56 anos, quase 30 anos de carreira, tendo começado em pontinhas em fitas classe "C" de Roger Corman, ganhou projeção a partir do advogado bêbado que viveu em "Easy Rider" (1968, "Sem Destino", de Denis Hopper), que lhe valeu o Oscar de melhor coadjuvante, tendo novas indicações por "Cada um Vive como Quer" (de Bob Rafelson, 70), "Ânsia de Amar" (Michael Nichols, 71), "A Última Missão" (Hal Ashby, 73) e "Chinatow" (Polanski, 74) - finalmente galardoado com o Oscar de melhor ator em "Laços de Ternura", 1983 e "Um Estranho no Ninho", 1975. Ao lado de uma grande filmografia como ator, tem tentado também a direção, bissextamente, a partir de "O Amanhã Chega Cedo Demais" (Drive He Said, 69) e, nestes últimos anos, é um dos atores mais valorizados pelo cinema - cobrando milhões de dólares por suas participações em filmes que seleciona criteriosamente. Quase simultaneamente, dois títulos de sua filmografia, chegam em vídeo, possibilitando comparar fases diversas de sua carreira. No western, "The Shoting", 1965, de Monte Hellman - agora lançado com o título de "O Tiro Certo", interpreta um pistoleiro de aluguel contratado por uma mulher (Millie Perkins, revelada por George Stevens em "O Diário de Anne Frank", 1959) em busca de vingança pelos homens que assassinaram sua família. 14º filme da carreira de Nicholson e o 4º que fez com Hellman - um bom diretor de westerns, hoje desaparecido - este filme é ainda da fase em que Nicholson trabalhava com Roger Corman. No elenco, aparecem Charles Eastman e o ótimo Warren Oates, ator coadjuvante que nunca foi devidamente reconhecido. Lançamento da Screen Life, pequena distribuidora com presença tímida nas distribuidoras do Paraná. Realizado 10 anos depois, "Um Estranho no Ninho" (One Flew Over the Cuckoo's Next), do checo (radicado nos EUA) Millos Forman, foi o maior sucesso de 1975, ganhando os 5 principais Oscars - o que não acontecia desde 1934 (com "Aconteceu Naquela Noite", de Frank Capra): melhor filme, direção, ator (Nicholson), atriz (Louise Fletcher) e roteiro (Lawrence Hauben/Bo Goldman). A produção foi de Michael Douglas, filho de Kirk, que se revelaria depois um ator de sucesso - e no elenco estavam atores que ainda eram desconhecidos como Danny De Vito ("Por Favor Matem Minha Mulher", "Irmãos Gêmeos" etc.), Christopher Lloyd ("De Volta para o Futuro), Vicente Schiavelli (o fantasma do metrô em "Ghost - Do Outro Lado da Vida") e Brad Dourif, que teve indicação ao Oscar de melhor coadjuvante, trabalha bastante (foi o delegado racista de "Mississipi em Chamas" e o possuído pelo diabo em "O Exorcista III - A Legião"). Vivendo um estuprador que fingindo-se de louco é internado num sanatório, Nicholson lidera uma contestação ao sistema desumano com que a instituição é conduzida por uma enfermeira mais paranóico dos que ali estão internos (atuação magnífica de Louise Fletcher). Denso, com notável fotografia de Haskel Wexler e música de Jack Nitzsche, esta produção de Douglas e Saul Zaentz, só agora está sendo lançada no Brasil porque como amigo pessoal do poderoso exibidor Verde Martinez, Saul esperou que ele formasse a sua distribuidora de vídeo para lhe entregar sua produção. Assim, a Condor Vídeo já lançou outro premiadíssimo filme de Forman - "Amadeus" e tem os direitos antecipados sobre "Brincando nos Campos do Senhor", de Hector Babenco, recém-estreado nos Estados Unidos.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Vídeo/Som
21
02/02/1992

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br