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Nitis vem mostrar Londrina no Palco

Em termos culturais, os 50 anos de Londrina motivaram a esplêndida peça "Bodas de Café" um bem intencionado curta-metragem ( realização de Berenice Mendes ) e, um polêmico livro de José Joffily ( "Londres-Londrina"), da Paz & Terra). Elogiada pela crítica, sucesso de público, inclusive em São Paulo, onde foi levado como parte do "Mambembão", em julho do ano passado, "Bodas de Café" chega finalmente a Curitiba (Auditório Salvador de Ferrante, 10 a 14, 21 horas). Mais do que contar a história de Londrina, Nitis Jacom, autora e diretora do espetáculo inteligente e criativo. Quem conhece Nitis (médica que se radicou há mais de 20 anos em Londrina, após ter feito muito teatro amador em Curitiba), admira a combatividade, o talento e a competência dessa mulher que tem feito o que de melhor se produziu nos palcos londrinenses. Uma amostragem disso será apresentada no Guaíra esta semana: além de "Bodas de Café", também a política e feminista adaptação do conto "Barba Azul" para a realidade atual (sábado, às 16 horas) e uma proposta de vanguarda, rompendo a linguagem convencional - "Transgreunte Ascendente Aquarius Uma Tragédia", levada ao último festival de teatro de São José do Rio Preto (somente domingo, 15 ). O Proton apresentará, ainda, "O Trabalhador e a Constituinte" - levado a escolas, associações de bairro e outros locais, em Londrina. xxx Há 14 anos, "Cidade Sem Portas", de Adherbal Fortes e Paulo Vítola, contava em música e de maneira amena a história de Curitiba. Posteriormente, Antonio Carlos Kraide retomava o tema em "Curitiba Velha de Guerra", realizado com maior liberdade. Nitis Jacom voltou-se para história de Londrina em "Bodas de Café", um espetáculo que buscou a valorização dos anônimos que fizeram a cidade: a prostituta (Palmira Preta), o picareta, o gigolô que vira figurão importante, o barbeiro, os tipos populares e o militante político (Mané Jacinto, comunica que participou da revolta camponesa de Porecatu), o pioneiro que "não deu certo" e frustou suas esperanças na busca do Eldorado, a nova fronteira agrícola do Norte do Paraná, e que, afinal, acaba constituindo o terceiro e mais numeroso contingente da população norte-paranaense - o dos bóias-frias e camponeses sem-terras. "A autora usa cenas independentes, completas em si mesma, mas integradas num todo orgânico, formando uma história. O fio condutor que atravessa a montagem é composto de alguns personagens fixos - um picareta, camponeses, três prostitutas - cuja trajetória acompanhamos episodicamente. Toda a linguagem da encenação é teatral ao extremo. Não apenas o cenário denuncia o palco; a peça coloca em cena os atores do Proteu discutindo sua própria elaboração e, conseqüência necessária, os problemas e objetivos de um grupo de teatro neste País e neste preciso momento histórico. "A qualidade de Nitis Jacom como autora e diretora está na maneira inteligente com que superpôs as mais variadas fontes para atingir um trabalho coeso. Do antiquíssimo recurso do teatro dentro do teatro, aqui usado como acentos pirandelianos, às mais contemporâneas expressões da dança-teatro, uma linguagem em articulação, a tudo empregou com bom uso. Uma legião de temas desdobra-se no palco: ao massacre de índios sucedem-se a vendas das terras, a viagem de trem dos colonos (brilhante momento de pantomima , a vida nos acampamentos e nos bordéis ". xxx O Grupo Proteu foi fundado há 7 anos só tem colecionado premiações. "Bocas de Café" representou elogios coletivos a esse trabalho de alto vigor, com música de Arrigo Barnabé, hoje o londrinense de maior evidência. Coreografia de Fernando Jacom, filho de Nitis, hoje profissional do teatro em São Paulo. LEGENDA FOTO 1 - Um grande elenco num belo espetáculo: "Bodas de Café ", de Nitis Jacom, a partir de hoje no Guaíra.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
20
10/09/1985

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