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Aramis

No mundo de 2020

Aproximadamente 35 mil curitibanos já deixaram quase Cr$ 120 mil nas bilheterias do cine Vitória para assistir a um dos filmes mais inquietantes do ano - "No Mundo de 2020" (Soylent Green, 72, de Richard Fleischer), aparentemente um science-fiction, mas que pela proximidade da época em que localiza sua ação (Nova Iorque, 2020, 40 milhões de habitantes) e (já) contemporaneidade do tema - superpopulação e falta de alimentos - não deixa de ser, aos mais pessimistas, um documentário de antecipação. Uma prova de que nisto não vai (muito) exagero está num telex transmitido pelas agências internacionais e que teria passado despercebido entre tantos outros despachos informativos se a o colunista Zózimo Barroso do Amaral, em sua página no "Jornal do Brasil" não tivesse salientado o fato: ontem, em Washington, a URSS e os Estados Unidos anunciaram quais as áreas de seus territórios que passarão a fazer parte de uma rede mundial de reservas ambientais, onde serão concentrados e protegidos todos os tipos de animais e plantas de nosso planeta. Esta proteção faz parte do programa "O Homem e a Biosfera", da Unesco, que tentará preservar, para as futuras gerações alguns dados de "como era a vida no século XX". Acrescentando um tópico, diz o colunista carioca que o Zoo da Guanabara já inaugurou - com sucesso - a seção de Bichos Domésticos. Ali, as crianças de apartamento descobrem como é uma galinha, um cabrito ou uma vaca: "Puxa, mamãe, igualzinho ao livro!". Como foi registrado em outra publicação - esta voltada exclusivamente ao realismo fantástico ("Planeta", nº 25, setembro/74), o que a câmara futurista de Richard Fleischer filmou em 2020 "já está aí do nosso lado, ainda que sem os detalhes que a civilização atual não teve tempo de dispor. De fato, ainda podemos mastigar livremente os frutos proibidos dessa Nova Iorque inabitável, onde uma colherzinha de marmelada, uma fatia de carne, um fragmento de legume podem levar à loucura aos que há muito tempo só se alimentam de soja. Poucas vezes um filme de ficção científica foi tão importante quanto este "No Mundo de 2020".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
4
26/09/1974

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