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Aramis

A noite da luz musical

Quem foi, assistiu a um recital histórico, emocionante, único. Quem não foi terá outra chance. Segunda-feira, aquilo que poderia ser apenas um prosaico lançamento de um livro sobre MPB transformou-se num evento único, graças a sensibilidade e competência com que Hermínio Bello de Carvalho sabe fazer as coisas. Assim, antes de mais nada, Hermínio falou sinceramente sobre a importância de que o Brasil conheça mais a música brasileira, abrasileire-se, como falavam Mário de Andrade e Villa-Lobos. Em sua linguagem poética, sincera, deu nome aos bois e fez um verdadeiro manifesto pela necessidade de uma retomada musical - anunciando o projeto Radamés Gnatalli, que terá seu lançamento durante o VIII Festival de Música de Londrina. Gio Amaral, 24 anos, violonista da terra, abriu a noite musical, com dois choros de Villa-Lobos e, em dueto com Marcos Farina (do grupo Galo Preto) emocionando com "Sons de Carrilhões" do grande João Pernambuco. Depois, Alecir de Antonina, talento de raízes do Paraná, todo de branco, veio para o palco e acompanhou a grande Zezé Gonzaga em "Caminho do Sertão", música de João Pernambuco que ganhou palavras perfeitas de Hermínio. Depois acompanhada por Farina, Zezé - linda, cabelos brancos iluminados, numa visão meio mágica no palco - lembrou jóias de autores como Custódio Mesquita ("Saia do Caminho"), Ary Barroso ("Aquarela do Brasil"), Jaime Ovalle Manuel Bandeira ("Azulão"), antes de mostrar canções de Villa que ganharam poemas perfeitos de Dora Vasconcelos, Bandeira e do próprio Hermínio. No encerramento, em pé, o público aplaudiu a grande Dama: Olga Praguer Coelho, 75 anos, 62 de música (fez seu primeiro concerto aos 13 anos), nome admirado em todo mundo, esposa entre 19/3/63 de Andres Segovia (1894-1987) deu um momento único de beleza, com três canções, acompanhando-se ao violão, incluindo a "Bachiana nº 5", da qual foi a primeira e maior intérprete em palcos de todo mundo. Palavras não traduzem a beleza de um concerto. As placas em homenagem a Zezé, Olga e Hermínio, entregues pelo secretário René Dotti, da Cultura, constituíram a gratidão do Estado pelo evento ter acontecido em Curitiba. Muitos aplausos depois, Hermínio autografou dezenas de exemplares de seu "O Canto do Pajé - Villa-Lobos e a MPB". Pena que momentos musicais como estes só aconteçam raramente. E que precisem sempre da presença de uma pessoa iluminada como Hermínio
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
28/04/1988

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