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Aramis

A noite de Nasser

Com toda a razão, o sr. Miguel Nasser, como velho patriarca de um clã dos mais respeitáveis, exibia o seu maior sorriso durante a festa oferecida pela Corporação Nasser, na noite de quinta-feira, na Mansão da Glória. Afinal, a comemoração era dupla: os seus 70 bem vividos anos e o sucesso das empresas que, sob a sua presidência de seu primogênito, Miguelzinho, 42 anos, espalham-se hoje pelo Brasil, empregando mais de cinco mil pessoas e ocupando uma área coberta acima dos 60 mil metros quadrados. Mas havia também uma outra razão para alegria do casal Miguel Nasser: junto ao seu filho, aqueles alegres meninos dos anos 60, que frequentavam a sua casa, voltavam a reunirem-se - hoje, senhores quarentões, casados, já com cabelos brancos, todos bem sucedidos na vida. Na mesa principal, por exemplo, o sempre elegante senador Enéas Faria, que foi companheiro de Miguelzinho na política estudantil de Curitiba do início dos anos 60. Distribuindo abraços e sorrisos - e sendo cumprimentado por todos como "meu governador", - Cândido Manoel Martins de Oliveira, ex-presidente do Tribunal de Contas, era outro veterano dos embates políticos universitários. Enéas e Cândido presidiram a UPES, enquanto a União Curitibana dos Estudantes Secundários teve em Miguel Nasser Filho o seu segundo presidente. Bayard Osna - hoje o poderoso presidente da URBS -, sempre foi uma espécie de estrategista-mor das campanhas políticas (habilidade que sabe manter até hoje), e era nos anos 60 já uma felpuda raposa política, também estava presente, lembrando a generosidade que dona Naymé e o sr. Miguel sempre recebiam os amigos de seus filhos Miguel, Maurício e Ronaldo. Centenas de presenças - desde autoridades do governo, como o sempre simpático Otto Bracarense Costa, secretário do Planejamento, até empresário de vários setores - entre políticos, jornalistas e os 50 diretores das 20 empresas da corporação. xxx Em seu discurso - o único da noite - Miguel Nasser Filho impressionou pela coragem. Um pronunciamento da profundidade, analisando a realidade do Brasil, sem temer falar dos dados incômodos - o desemprego, o problema social, a marginalização de mais de 60% da população brasileira. Com o idealismo que o caracterizava em seus verdes anos de presidentes da UCES e a coragem que mostrou nos 4 anos em que foi vereador em Curitiba, Miguel Nasser Filho, hoje com a responsabilidade e experiência de presidir uma corporação que abriga vinte grandes empresas - que vão dos consórcios de vendas ao setor da ao setor de comunicação (rádios Cidade e Studio 96), passando pela indústria química, construção, gráfica, turismo etc, - fez um posicionamento objetivo e claro. Interrompido várias vezes por aplausos, o discurso de Nasser - mais do que uma saudação de festa de fim-de-ano - demonstrou que os jovens empresários, cada vez mais estão sabendo tomar posições. E, entre os convidados, ficou a certeza de que mesmo ocupado hoje em dirigir o seu grupo empresarial, Nasser Filho não deixa de lado sua veia política - e seu retorno ao campo de batalha da vida pública pode estar mais próximo do que se imagina.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
13
23/12/1984

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