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Aramis

Norma, agora cantora

Neste primeiro semestre, poucos discos de vocalistas foram tão aguardados pelo público, merecendo tamanha carga promocional, como os elepes de Norma Benguell (Phonogram/Elenco, SE-1011, junho/77) e Miucha (RCA Victor, ainda não colocado nas lojas, antecedida apenas de um compacto, não distribuído para divulgação). Desde que os discos de Norma e Miucha [foram [planejados] iniciou-se uma promoção paralela, o que, independente dos méritos (que são muitos) desta [intérpretes] bissextas, fará seus discos terem vendagens auspiciosas. Deixemos o elepe de Miucha para quando o mesmo chegar em nossas mãos e concentremo-nos nesta terceira experiência vocal da atriz Norma Benguell, intitulado "Norma Canta Mulheres", já que interpreta exclusivamente compositoras brasileiras. Há 19 anos, quando era apenas uma das mais sensuais vedetes de Carlos Machado, Norma Benguell gravou o seu primeiro lp (Odeon, MOFB 3112, 1958), interpretando temas da Bossa Nova ("Sucedeu ASSIM", "Eu Preciso de Você", "Eu Sei que Vou Te Amar", "Ho-Ba-La-La-", "Sente", etc.), entremeados de [clássicos] americanos ("You Beter Go Now", "That Old Black Magic", "This Can't Be Love", "On The Sunny Side Of The Street"). A vozinha fina de Norma era compensada por arranjos generosos - que não nos enganamos do próprio Tom, na época diretor musical da Odeon. Em1963, já no Elenco, Norma voltaria a fazer outra experiência como cantora, numa produção de Aloysio de Oliveira. Agora, 14 anos depois, amadurecida como mulher e, principalmente como atriz, Norma faz um elepe adulto, sincero e honesto. Ela não é, nem nunca pretendeu, ser uma vocalista profissional. Apenas sabe usar bem a voz - que tanto tem rendido dramaticamente nas telas, e este seu elepe impressiona pela intensidade com que foi gravado. Cada faixa foi cuidadosamente escolhida entre trabalhos de compositoras amigas ou que admira, em cada sessão participaram instrumentistas da maior [competência] e assim como, frente [às] [câmeras], Norma sempre procurou dar o melhor de si, como cantora ela também se esmerou em dar o máximo. Se melhor não ficou, não foi por sua culpa. O resultado é um dos elepes mais honestos deste ano, num repertório feminista mais de alto nível: "Outra Você Não Me Faz" (Yvone Lara), "Inteira" (Luli-Lucinha), "Em Nome do Amor" (Norma Benguell/Gloria Gadelha), "Aprender A Nadar" (Marlui), "A Noite do Meu Bem" (Dolores Duran), "Abre Alas" (Chiquinha Gonzaga), "Coisas da Vida" (Rosinha de Valença), "Pra Que" (Gloria Gadelha), "Movimento da Vida" (Sueli Costa), "O Futuro Me Absolve" (Rita Lee), "Boa Pergunta" (Joyce) e, numa homenagem póstuma, "Resposta" (Maysa).
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Jornal da Música
32
10/07/1977

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