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Aramis

Novas Cantoras Olivia & Berê, as vozes que (muito) entusiasmam

1978 está sendo um ano prodigo em revelações de novos talentos: vocalistas, compositores e mesmo instrumentistas tem aparecido com imensa força, tornando difícil dizer quem é o melhor desta nova safra. A Continental, por exemplo, tem sido uma das gravadoras que mais tem sabido acreditar (e investir) em novas promessas e num mesmo mês agosto/78 colocou no mercado duas excelentes vocalistas: Olivia e Berê, ambas jovens, bonitas, personalíssimas e com trabalhos dos mais modernos. Olivia (do que)? - infelizmente a Continental normalmente tão cuidadosa em sua promoção, desta vez não enviou releases esclarecedores) é uma jovem morena, cabelos longos, ligada ao grupo A Barca do Sol, o excelente conjunto instrumental que se formou em Curitiba, há 3 anos, durante um Festival Internacional de Música, com um grupo de jovens instrumentistas orientados por Egberto Gismonti. O grupo fez dois discos na Continental, tão importantes quanto dificeis de um sucesso imediato e apesar do fracasso de vendas e algumas substituições o conjunto subsiste. E agora volta fazendo arranjos e amparando a interpretação de Olívia, com um repertório que exige cuidadosa audição mas que conquista o ouvinte sensível. Com exceçào de "Água e Vinho" (Gismonti/Geraldo Carneiro) e "Lady Jane" (Nando Carneiro/Geraldo Carneiro), o repertório inédito e tem momentos excelentes: "Lobo do Mar" Joaquinho Morelembaum /João Carlos Pádua), "Luz do tango" (Astor Piazzola/Geraldo Carneiro). Sente-se neste lp ("Corra o Risco"., 1-01-404-180) o trabalho adulto da produção de Geraldinho Carneiro, ex-letrista de Gismonti, o alto nível erudito dos meninos da Barca do Sol (Nando Carneiro, Marcelo Costa e Muri Costa) além da estréia de John Neshling, autor de "Minha Pena Minha Dor" e excelente pianista. Para Luis Augusto Xavier, disc-review do "Diario do Paraná", Olivia se constitui na mais importante revelação musical de 78. Realmente, sua chegada, inesperada, em nosso universo musical é um evento da maior importância e este seu lp "Corra o Risco" tem aquelas características de disco-documento, marco de uma nova caminhada musical. Independente dos resultados comerciais, uma vocalista que trabalha sobre um repertório excelente e numa fusão onde a voz e a instrumentação se somam com resultados excelente. Ao contrário de Olivia, a gaucha Berê (Berenice Biachi, 19 anos) teve seu elep6e de estréia ("Berê", Continental, 1-04-404-183) precedido de uma boa campanha promocional: uma série de malas diretas, com todos desta loira vinham, há 50 dias, despertando a curiosidade para o seu disco. E, felizmente, não houve decepção: a voz de Berê é tão linda quanto ela e a produção do disco, entregue a Waldyr Santos, foi das mais esmeradas. Selecionando um repertório exclusivamente de autores gaúchos, o LP abre com um clássico de Lupicinio Rodrigues (1914-1974) e Piratini, "Amargo" e encerra com uma composição de Berê ("Gaúcho", parceria com Luiz Prado), passando por músicas das mais inspiradas de Galileu de Arruda dos Santos ("Gosto", "Cão e Gato"), Geraldo Flach ("Nos Cantos Escuros), "Escandalosamente Maravilhante", em parceria com Luiz Coronel e Marco Aurélio Vasconcelos, autores do "Gaudêncio das 7 Luas": "A Triste Milonga de Leontina das Dores À Espera de Seu Homem" e "Leontina das Dores Canta o Filho Que Vai Nascer". De "A Dança das Estações", outra fascinante cantata gaúcha, de Luiz Coronel e Raul Ellwanger é "Invernias". Berê canta o sul sem gauchismos. Poucos discos são mais ligados a terra do que este, mas, em compensação mostra uma nova música gauchesca, moderna, de grande força poética e dramática, com imagens belíssima e das mais inspiradas. ELIZABETH NÃO É NEM ESTREANTE E NEM A MESMA VOLTAGEM DE Olivia ou Berê. Já fez muitos discos e até agora nào mereceu maior atenção. Entretanto com "Olhos da Noite"( Polydor/Phonogram, da Luz, produtores cuidadosos que valorizam as diferentes faixas e ela própria como autora das 12 músicas que interpreta demonstra grande evolução. Sem deixar de ter alguns clichês convencionais, esquemas comerciais, há bons momentos nesta sua nova safra, justificando a audição de seu elepê, com uma grande dose de simpatia. Faixas: "De vez em quando", "Quem dera", "Meu bar", "Em partes iguais", "Portões fechados", "Teia de aranha", "A mulher (parceria com Sérgio Bitencourt), "Covarde e violento" (parceria com Alberto Land), "Olha mãe", "altos e baixos", "Dez e dez" e "Tolices".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Jornal da Música
30
27/08/1980

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