Novelli, nasce aqui um cantor
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 12 de julho de 1984
Pouco mais de 100 espectadores souberam aplaudir um dos melhores espetáculos musicais do ano: as três apresentações de Novelli, no teatro do Paiol, no último fim de semana. Conhecido habitualmente como parceiro de gente famosa - Chico Buarque, Milton Nascimento, Carlinhos Vergueiro, Maurício Tapajós, Paulo Cesar Pinheiro, etc, em muitas músicas de qualidade, Novelli (Djair Barros, Recife, 20 de janeiro de 1945) pela primeira vez aceitou fazer um show como cantor e pianista, ele que normalmente se esconde atrás de um baixo acústico ou elétrico, exímio virtuoso que é desse instrumento.
Um amigo e parceiro de muitos anos, o fiel Paulo Cesar Botas, atualmente na coordenação do Solar do Barão, o convenceu a vir a Curitiba e mostrar esta face de seu talento. Com uma voz suave - lembrando Antonio Carlos jobim em alguns momentos, uma forma amiga de se dirigir ao público e, especialmente, um repertório de excelente nível, fizeram com que Novelli ("O nome artístico surgiu no início dos anos 60, da época da "Nouvelle Vague") antecipasse em Curitiba às músicas de seu primeiro lp solo ("Canções Brasileiras", Maracatu Discos), gravado em Paris e ainda inédito.
Há 10 anos, Novelli esteve no Paiol, participando de um show que hoje não se repetiria por menos de Cr$ 3 milhões de cachê: Nara Leão apresentando o jovem (e então desconhecido ) Raimundo Fagner, acompanhada por Wagner Tiso (teclado) , Nana Vasconcelos (percussão), Chico Batera (bateria) e Novelli (contrabaixo). Aquela temporada também não teve mais do que 100 espectadores. Por isto tudo, é que Galcy Gottardello, a suave administradora do Paiol, tem razões em afirmar:
- O difícil não é trazer grande talentos ao Paiol.
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