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Aramis

Novos teatros para Curitiba

Curitiba comporta mais teatros? Existe demanda de público - e, especialmente, espetáculos, para movimentar mais áreas destinadas a espetáculos ao vivo? Questões que podem ser colocadas quando se tem notícias de que em 1991 - no máximo 1992 - três a cinco teatros se acrescentarão às salas já existentes. Especialmente porque há muitos auditórios ociosos ou pessimamente programados - e, o mais grave, onerando - como acontece na maioria das vezes - o orçamento oficial. Um empresário bem sucedido na área dos shoppings, o milionário Luís Celso Branco, incorporador do Shopping Novo Batel, entendeu que um teatro bem equipado e, principalmente com uma programação ativa, pode não só movimentar ainda mais aquela área nobre como trazer lucros a médio prazo. Assim, um espaço para 550 poltronas, palco e camarins, foi reservado dentro das ampliações do Shopping e já existe até um empresário artístico, Fernando Bonin, assessorando-o na futura programação. Não há ainda data de inauguração mas será o primeiro teatro particular de Curitiba, em moldes profissionais - a exemplo dos que existem nas grandes cidades. No Rio de Janeiro, só o shopping Gávea abriga quatro teatros - disputados a tapas por empresários e com uma programação intensa. xxx Dentro da filosofia de negociar concessões possíveis na edificação de prédios com maior aproveitamento da área - revertendo benefícios em espaços culturais, a Prefeitura já conseguiu os cines Ritz (na construção do edifício Wenceslau Glaser na avenida das Flores) e o Luz, na luxuosa edificação que, seis quadras acima, sedia o Citibank. Agora, estão bem encaminhadas as negociações entre o IPPUC/Secretaria do Desenvolvimento Urbano e a diretoria regional da Caixa Econômica Federal para que o edifício que aquela instituição financeira há muito tem programado para a última grande área livre da praça Osório - ocupando a quadra entre o início da rua Comendador Araújo/Avenida Vicente Machado/Visconde de Nacar, possa ter seis pavimentos - ao invés dos cinco que, dentro da legislação em vigor, seria autorizado. Em troca, um teatro de 800 lugares seria entregue, totalmente equipado, para a cidade. Esta área ocupada com uma antiga construção - e que em parte, com entrada pela avenida Vicente Machado, foi a primeira sede da editora "O Estado do Paraná", a partir de maio de 1951 - que ali funcionou até a construção da antiga sede própria na Rua Barão do Rio Branco - tem excelente localização, já mereceu muitos estudos por parte da Caixa Econômica. O projeto de fazer um edifício de seis andares há mais de um ano encontra-se na Prefeitura, já que há natural interesse de que o mesmo possa ter mais um andar. A Prefeitura, por sua vez, vê com simpatia a possibilidade de que, em compensação, a Caixa ofereça um espaço cultural - dando mais um teatro (que também poderá eventualmente funcionar como cinema) a cidade. Existem outras duas possibilidades de auditórios de 200/300 lugares. No futuro conjunto comercial e de hotelaria que o grupo Mauad vai construir nas atuais instalações do CPOR, na praça Osvaldo Cruz e na parte a ser preservada na Penitenciária do Ahu. Embora ainda não tenham sido definidos os projetos definitivamente das áreas que caberão ao município nestes dois grandes empreendimentos imobiliários - nos quais a iniciativa privada arcará com investimentos de milhões de dólares - existe a tendência, de priorizar espaços culturais nos mesmos. Em troca do espaço privilegiadíssimo que vai ganhar na praça Osvaldo Cruz, o grupo Mauad construirá novas instalações militares para a 5ª Região no bairro Pinheirinho. Já o grupo que vencer a concorrência para imensa área ainda ocupada pela Penitenciária Provisória do Ahu construirá presídios modelos em municípios do Interior. Nos dois empreendimentos a Prefeitura terá áreas - em percentual fruto ainda de negociações - para destinar a fins que incluirão núcleos de artesanato, áreas de lazer e mesmo comércio. xxx Quanto a restauração do Teatro da Classe, na rua 13 de maio, o que existe por enquanto é apenas o imenso buraco e uma bizarra polêmica em torno do nome do espaço - que, por uma questão de justiça, só poderá ser de José Maria Santos, o ator-diretor-empresário que, quando presidente da Associação dos Produtores de Teatro do Paraná, viabilizou e praticamente construiu aquele teatro. O projeto da arquiteta Maria Helena Paranhos prevê dois auditórios, além de unidades complementares dependendo de concessão de terrenos vizinhos - conforme a bonita maquete que há meses se encontra em exposição no hall de entrada do auditório Bento Munhoz da Rocha Neto. Apesar do empenho de muitas pessoas para que o teatro seja reconstruído, as obras estão em ritmo demoradíssimo e a não ser por um milagre de engenharia será possível entregar na atual administração ao menos um auditório como foi prometido, há meses, quando o Banestado, finalmente assumiu a administração e os encargos financeiros da edificação, num total de 1.850 metros quadrados.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
09/09/1990

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