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Aramis

O baiano Moraes, Solange, Zoli e rock com repente!

No pacote de final de ano, para o qual as gravadoras reservam os artistas com maiores possibilidades comerciais, eis o novo disco de Moraes Moreira ("Bahiano fala cantando"), que na definição da jornalista Sandra Bittencourt "é nitidamente tropical, cheira a verão e carnaval e ressalta a rítimica baiano-terceiro mundista, ao mesmo tempo em que homenageia a amada Bahia". Autor de nove das dez composições (em várias parcerias), Moraes gravou o LP em seu estúdio, República da Música, e para ressaltar a parte rítmica, a percussão foi registrada em primeiro lugar, vindo depois os demais instrumentos - teclados, baixo e guitarra - fato inédito na sua carreira. Assim há uma overdose musical, com o frevo ("Por que parou, parou por quê?"), o olodum ("Calundu") ou um autêntico forró ("Lambe-lambe"). Poeta inspirado e bem humorado, em "Todo Pôncio é um Pilatos" diz: "Quem bebe no Beberibe / Bebe no Caribe / Bebe na Bahia / Pois moderno é o nosso canto / Gregoriano de Mattos / Pelas águas do silêncio / Todo o Pôncio é um Pilatos". Também este humor está em "Camelo elétrico", enquanto na faixa "Som de sonho" tem a participação do filho David - que já havia lançado em gravação anterior. xxx Bonita e sensual, Solange ganha um elepê (EMI/Odeon), com repertório dos mais comerciais - e capazes de promovê-la neste universo de novas cantoras. Há uma faixa de Prentice, cantor-compositor de ligações curitibanas (cunhado e parceiro de Heitorzinho Valente) - "Essa noite"; uma parceria da própria Solange com o "sucesso maker" Lilcon Olivetti ("Fera Radical") e composições do produtor Júnior Mendes, como "Você" e "Sou só", além de uma versão de "Niguelela" de Stevie Wonder e um interessante encontro dos compositores Paulinho Soledade e Tavinho Bonfá: "Me dá um alô". xxx Também pela EMI/Odeon, na linha bem comercial que já lhe garantiu um espaço no mercado, Cláudio Zoli volta com um novo disco no qual homenageia Maia com um de seus melhores momentos ("Azul da cor do mar"), ao lado de oito composições próprias - mas sempre em parcerias, algumas bastante competentes. Outra homenagem é a Marvin Gay, com a versão de "What's going on" que virou "Não foi em vão". xxx Para quem curte o rock nacional dois lançamentos: Os Titãs ("Go back", WEA), que tem uma capa das mais originais do ano: os seus integrantes em fotos quando crianças. Já pela EMI-Odeon, o Peble Rude ataca novamente com toques políticos ("Plebiscito") e até ecológicos ("A serra"), além de extrapolar na letra (André X / Jander Bilaphra) de "Valor"; nove versos, com quase 70 linhas: até os meninos do grupo vão ter que segurar a letra na hora de interpretar esta discursiva música em seus shows. Mas não fica por aí: no comunicativo "Repente", ao estilo nordestino, vão para 22 versos - 88 linhas - numa tentativa de com esta composição de Philippe Seabra buscar uma linguagem brasileira. É a que merece maior atenção.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
16
18/12/1988

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