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Aramis

O brasileiro Dilermando Reis

O Brasil não é só País do Carnaval. É também o País do violão e dos violeiros. Do Amazonas ao Rio Grande do Sul, quem não encontra, em rodas de jovens ou adultos que amam a música, tanta gente de violão em punho, dedilhando canções, com temas próprios ou composições que em discos ou via Embratel ganharam promoção nacional, para não falar em clássicos, que como "Chão de Estrelas" (Orestes Barbosa/Silvio Caldas), há pelo menos 5 gerações vem sendo cantadas em noites - com ou sem Lua... Uma sociologia histórica do violão é um dos tantos temas a espera de um autor, neste nosso País de tão escassa literatura musical. Um estudo em profundidade do violão e de seus executantes, poderia fazer justiça a muita gente esquecida, perdida em trabalhos comerciais ao longo de décadas, pois afinal é necessário garantir o pão nosso de cada dia e o leite das crianças, de forma que ARTE muita gente é esquecida na redação árida com o COMÉRCIO. Estas palavras justificam-se neste registro, para lembrar aos nossos leitores mais jovens a importância de um violonista chamado Dilermando Reis, para os mais idosos identificado sempre com a música "Abismo de Rosas", um dos temas que gravou há mais de 30 anos e no qual passou a ter o seu cavalo-de-batalha. Paulista de Guaratinguetá, onde nasceu a 22 de setembro de 1916, Dilermando Reis tem mais de 40 anos de violão, pertencente a geração de instrumentistas que atuou em praticamente todas as emissoras do Rio de Janeiro, nos anos de ouro da radiofonia. Executante popular no estilo clássico - o que pode parecer um pleonasmo, Dilermando Reis tem que ser visto (e admirado) dentro de seu estilo. Aos 59 anos, mantendo ainda uma discreta atividade profissional, Dilermando nunca procurou novos caminhos da emepebê, preferindo o estilo da década de 30. Isso, entretanto não o invalida como artista sensível, dominando o seu instrumento com uma perfeição raramente alcançada por outros artistas e, principalmente, com boas idéias como compositor dentro do seu estilo. E justamente a faceta de Dilermando Reis compositor, pode ser sentida em seu mais recente elepê ("O Violão Brasileiro de Dilermando Reis", Continental, 1-01-404-111, setembro/75), produção de Ramalho Neto, que marca o seu reaparecimento fonográfico, após alguns anos de ausência. Aliás, tem sido pela fábrica paulista que Dilermando Reis tem gravado todos os seus discos nestes últimos 20 anos: "Sua Majestade, O Violão", "Melodias de Alvorada", "Volta ao Mundo com Dilermando Reis", "Abismos de Rosas" e "Presença de Dilermando Reis". Sem qualquer sofisticação, apenas em solo de violão, Dilermando Reis mostra ao longo de 12 faixas, com exclusivamente suas composições, a força deste instrumento tão brasileiro, tão sensível e tão harmonioso. Um disco seguro de um velho violonista, com um trabalho bonito e que merece ser ouvido para quem, sem preocupações modernosas, sabe admirar a boa emepebê. Faixas: "Terno Olhar", "Deixa Comigo", "Eterna Mágoa", "Miudinho", "Viola Triste", "Quando Vovó Dançava", "Chegadinho", "Balada da Saudade", "Cavaquinho Encabulado", "Valsa em Mi", "Gente Boa" e "Iracema".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
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36
05/10/1975

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