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Aramis

O Canto dos Pampas ( VIII )

Entre tantos aspectos admiráveis no momento nativista do Rio Grande do Sul está o fato de todos os eventos musicais que vêm sendo promovidos com extrema regularidade serem gravados em elepês de qualidade profissional. Isto se deve especialmente ao empenho de Ayrton dos Anjos, mais ativo produtor fonográfico do Sul, que em várias etiquetas - hoje exclusivo da Sigla/RBs - tem se preocupado em valorizar e documentar o boom musical nativista. Assim, no futuro, será possível reconstituir um rico periodo de nossa música popular, de raizes fortes, através dos elepês que documentom as músicas anualmente selecionadas para a Califórnia, Musicanto, Ciranda da Música Gaúcha, Coxia Nativista e tantos outros eventos no calendários musical riograndense. E o exemplo da Califórnia, a caminho de sua 15º edição - toda ela perpetuada em discos, agora pela Polugran - fez os outros festivais também se preocuparem com o registro musical, estimulando inclusive novas etíquetas, como o selo Pialo, pelo qual saíram ( com prensagem e distribuição da RCA ) os discos com as músicas do 1º Rodeio da Música Gaúcha, realizado de 26 a 28 de janeiro de 1984, em Vacaria e a 2º Gauderia da Canção Gaúcha, também promovida em Janeiro de 1984, entre os dias 19 e 22, na cidade de Rosário do Sul, em promoção da rádio Marajá - Zyk 286. Já a Ciranda Músical Teuto -Rio Grandense, realizada em Taquara, teve as 12 músicas de sua sétima edição, realizada no ano passado, lançadas num elepê da RBS/Sigla, coordenado por Dercio da Silva Castro com produção e Ayrton dos Anjos. Nos elepes com as músicas destes festivais se encontram intérpretes seguros, experientes em várias competições e que já reúnem credenciais para ter seus próprios elepês solos. É o caso, por exemplo, de Talo Pereira, que na 7º Ciranda Teuto-Rio-Grandenses, defendeu a vigorosa toada "Trem das Sete", parceria com Robson Barrenho. No mesmo festival, Talo esteve entre os finalistas com " Quando o Piá For Peao" ( parceria com Ivaldo Roque / Robson Barrenho ), interptretado pela afinada Glória Oliveira, que obteve o primeiro lugar na divisão " Acorde da Projeção Cultural ". João de Almeida Neto, gaúcho de Uruguaina, tem voz incrivelmente parecida com a de seu conterrâneo Nelson Gonçalves, e vem sendo uma das presenças mais cosntantes nos festivais. Na Ciranda Musical de Taquara defendeu a canção missionera " Santos e Pecadores" de Elton Saldanha e Apparicio Silva Rillo, enquanto que no I Rodeio da Música Gaúcha, em Vacaria; concorreu com uma música própria - o " Tempo de voltar " e foi considerado o melhor intérprete. Neste festival de Vacaria, a música vencedora foi "Campesino" ,de José Teodoro / José Claudio Machado, seguida do "Tempo de Voltar" e " Solito" ( Mauro Sergio Moraes / Max de Nardi Guterrez ), está interpretada por Neto Fagundes e com a participação de Renato Borghetti, o acordeonista que vendeu 120 mil copias de seu primeiro elepê. Na Gauderiada da Canção Gaúcha, o primeiro lugar foi para "Manhã", uma chamaritta de José Sarturi ( Nenito ) e Miguel Marques, interpretada por Oristela Alves com o grupo Arapuá. " Caminhos Perdido ", canção de Dirceu Abrianos, Luiz Roberto e do guitarrista Lucio Yanel, na voz de Josete Siqueira, ficou em segundo lugar, com troféu Glaucus Saraiva - homenagem a um dos mais dedicados folcloristas gaúchos. "Liberdade " ( Moacir D'Avilla Severo / João Quintana Vieira ) ficou em 3º lugar e foi interpretado por João Quintana e o Grupo parceria. "Noites Manpenas" milonga de Marco Antonio Soares, foi considerada a canção mais popular, enquanto que Cezar Scout, o Passarinho - cantor de Livramento, já com um elepê solo na Philips ( e que fisicamente lembra muito ao nosso inesquecivel Lapis ) foi considerado o melhor intérprete masculino,pela interpretação de milonga " Sol, o Trafugueiro. A Ciranda Musical Teuto-Rio Grandense. A exemplo da Califórnia da Canção,tem premiações em várias divisões. Assim, a compeoníssima,foi "De Como Amar Um Rio" milonga de Beto Barros / Sergio Rojas, defendida por Nico Fagundes,merecendo ainda os troféus na divisão " Acordes Rio Grandenses" e o de arranjo ( Sergio Rojas ). Merecidamente, a deliciosa "Circo de Borlantins" ( Luis Coronel / Renato Teixeira ), com o grupo Caverá , venceu na divisão de acordes teuto-Rio grandenses. Pedrinho Figueiredo, flautista, foi considerado o melhor instrumentistas, enquanto Glória Oliveira foi premiada com melhor intérprete. " Bico Bico, Surubico," rancheira de Wilson Tubino / João Pereira defendida pelo grupo Os Açorianos, foi eleita a canção mais popular. Ouvindo-se com atenção ao elepê da 7º Ciranda Musical Teuto-Rio Grandense observa-se o nível e todas as 12 finalistas. Algumas musicas são irônicas, outras de maior profundidade - mas todas têm méritos. Especialmente significatica a toada milonga "Que Pena!, do poeta Gilberto de Carvalho e Mário Barros, interpretada por Eracy Rocha e que teve no fluatista Pedrinho Figueiredo um dos principais instrumentistas - dividido com valdir Lima no acordeon, Osmar Carvalho e Mário Barros no violão. O Duo Manancial se voltou a uma temática ribeirinha em " Vai Pescador" enquanto Os Açorianos apresentaram o chote mais bem humorado, o delicioso " Baile de Cobra " de Hamilton Chaves / Fabricio Rdrigues. Os discos documentando os festivais de Vacarias e Rosário do Sul, nas produções de Pialo - produzida executivamente por Vera Beatriz Bothrer, e, especialmente 7º Ciranda Musical Teuto-Rio Grandense, pela Sigla / RBS são mais três importantes elepês provando a pujança da música nativista. xxx Paralelamente aos discos de músicas de festivais, outros artistas gaúchos continuam fazendo seus elepês. Numa linha bem comercial, sem a riqueza nativista - mas com uma popularidade que lhe permite chegar agora ao sexto elepê pela Copacabana, temos Sidnei Lima Lima. Mesmo não indo a fundo em suas raízes, prefere um estilo mais comercial - do visual de sua roupa até as letras de algumas canções. Adota também o ( péssimo ) hábito de entremear as canções com "homenagens ", dispensaveis, citando até amigos e fãs e Ponta Grossa o que prova sua popularidade no Paraná. De qualquer forma. Sidnei Lima tem seu público, que hoje já transpõe o Rio Grande do Sul e chega a outros Estados.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
07/04/1985

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