O canto latino de Sosa
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 10 de abril de 1977
Afinal, os empresários brasileiros começam a descobrir as possibilidades (comerciais) dos grandes nomes da música latino-americana. Após o sucesso de "shows" colcha-de-retalhos ("Uma Noite em Buenos Aires", "Tango para o Brasil"), de discutíveis méritos artísticos mas de grande envolvimento popular, intérpretes, compositores e mesmo grupos argentinos, de grande prestígio naquele país (e mesmo na Europa) vão percorrer o Brasil. No ano passado, as primeiras experiências foram feitas no circuito Rio-São Paulo, com minitemporadas do grupo Los Luthiers, Susana Rinaldi e Mercedes Sosa.
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Mercedes Sosa, uma das cantoras de maior personalidade da música argentina, mais de 10 elepês gravados na Phonogram (inclusive "Cantata Latino Americana" e "Mujeres Argentinas", de Ariel Ramirez) teve o seu Ibope popular, em termos de consumismo nacional, ampliado após a sua participação no último lp ("Geraes", Odeon) de Milton Nascimento. E isso, possivelmente, ajudará o sucesso da temporada que inicia nos próximos dias pelo Brasil, com apresentação no auditório Bento Munhoz da Rocha Neto. Dando bons resultados, depois virão Susana Rinaldi e Los Luthiers. Mas até agora os empresários ainda não se lembraram de uma cantora extraordinária, que divide seu tempo entre Buenos Aires e Nova Iorque: Maria Elena Walsh. Esta, ainda continua inédita aos brasileiros - a não ser aqueles que se interessam seriamente pelo latinismo, antes do mesmo transformar-se em moda de consumo universitário. Em tempo: Mercedes vem acompanhada das cantoras venezuelanas Glória Martin e Maria Tereza Chacin.
Falando em música, hoje à noite, às 21 horas, oportunidade para ouvir Pery Ribeiro (Guairão), uma das belas vozes nacionais. Filho de Dalva de Oliveira (1919-1973) e Herivelto Martins (Rio de Janeiro, 1912), Pery, tem, ao longo de 16 anos de carreira profissional, uma participação ativa em termos de gravação, com registros históricos, sempre na Odeon, que ainda recentemente lançou seu novo lp, "Bronzes e Cristais". Pery veio à Curitiba para duas únicas apresentações no Teatro Guaíra, em promoção do empresário Avelar Amorim.
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Ivam Graciano, 33 anos, filho de uma das mais respeitáveis duplas do Paraná - Nhô Belarmino e Nha Gabriela (Salvador- Julia Graciano), músico desde os 6 anos, dominando 8 instrumentos, foi contratado por João Jacob Mehl, para apresentar-se, todas as noites, na Confeitaria Iguaçu - Emiliano Perneta. Versátil e criativo, Ivam dedica-se hoje principalmente ao órgão, oferecendo uma música suave e agradável. Seus pais, merecedores de todo o respeito pelos 40 anos dedicados à música regional e que são, na verdade, os únicos artistas populares detentores de um público fiel em nosso Estado, vão gravar, em breve, um novo LP na CBS. O último que ali fizeram, "Mocinhas do Sertão" (Tropicana, 1975), trouxe numa das faixas, um improviso de Belarmino e Ivam, ambos no acordeão, que está a merecer uma reavaliação - pela beleza que conseguem dar um tema simples e autêntico.
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Sem confirmação, mas com possibilidades de virem a Curitiba, ainda este ano: Ella Fitzgerald, orquestra de Count Bassie e Moderna Jazz Quintet.
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