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Aramis

... e o espetáculo continua

- "Tive duas grandes alegrias: no dia em que o prefeito Saul Raiz entregou um novo circo para a família e, alguns anos depois, quando eu entreguei o circo de volta a Fundação Cultura". A frase pode parecer estranha, saindo da boca de um homem que por toda a vida viveu artisticamente no mundo da lona e da serragem. Lafayete Queirolo explica: - "O fato é que os tempos mudaram. A televisão trouxe novos comportamentos e hábitos de lazer, de forma que quando tentamos retomar o circo Irmãos Queirolo, após alguns anos de paralisação, sentimos que as coisas haviam mudado. Chic-Chic morreu em 1967 - quando a televisão começava a se desenvolver e não viu o melancólico final do circo que tanto amou. Mas nós sentimos". Depois de muitos problemas - inclusive a destruição quase total do circo por uma tempestade, os Irmãos Queirolo - nestas alturas já espalhados por outras atividades, garantindo o feijão nosso de cada dia com empregos regulares, viram o engenheiro Saul Raiz, ao chegar a Prefeitura, cumprir uma promessa que havia feito há muitos anos, quando o então secretário de Viação e Obras Públicas, encontrou Lafayete e Sérgio, então funcionários do laboratório daquele serviço. - "Se um dia eu for prefeito de Curitiba, vocês terão novamente um circo". Saul cumpriu a promessa. O que não se imaginava é que o público havia mudado. E após alguns anos de prejuízos, tentando levar espetáculos aos bairros, procurando a ingenuidade perdida com a televisão e um cinema cada vez mais violento e pornô, os Queirolo entregaram a lona. A Fucucu assumiu o circo e o transformou numa unidade volante, com outro tipo de programação - que, aliás, nas administrações populares de Maurício Fruet e Roberto Requião teve um bom rendimento. Um grave acidente rodoviário, no ônibus em que viajava com vários artistas, voltando de um espetáculo na usina de Foz de Areia, levou Lafayete a, definitivamente, deixar os sonhos do picadeiro. Foi em 1979, num acidente em que ele ficou gravemente ferido e morreu o tio Lore. Mas, se deixou a forma tradicional de fazer espetáculos, Lafayete não abandonou o lado artístico. Estruturou uma firma de shows para levar sua arte e festas de aniversários, almoços e jantares de confraternização, eventos especiais e mesmo festas públicas e promocionais. - "Graças a Deus, serviço não nos falta!". Tanto não falta que, às vésperas dos 60 anos, aposentado como funcionário público, Lafayete coordena uma equipe de quase meia centena de palhaços, malabaristas, mágicos, equilibristas, etc., que continuam a encantar o público. No mês de dezembro, sua equipe de 40 "Papais Noel" é insuficiente para atender todos os compromissos que aparecem. - "Já fui o Papai Noel amarelo da Monark, o azul, e agora fizemos o Papai Noel Verde - que dividiu as crianças e seus pais. Acho que como evento de um ano a idéia foi boa. Mas a tradição mesmo é o Papai Noel vermelho, como manda o figurino". Criando bonecos (o Zé Gotinha para a Sanepar, os animais para supermercado), a esposa Zeffa - a Santa Zeferina Rezende Lopes Queirolo, gaúcha de Pelotas, artista circense com tradição familiar (sua irmã, Amélia, é uma das melhores executantes de bandon do Sul) - estruturou uma microfábrica artesanal que, auxiliada pelas filhas Ligia e Marilene e os genros Paulo e Airton, vai de vento em popa. O filho Luiz Alberto, 28 anos, é o mágico "Mr. Danton" e uma novíssima geração começa a trabalhar: as netas Débora, a "Pabire", 9 anos; Andréa, a "Batata", 6; Érica, 5 e o neto Marco Aurélio, o "Chic-Chiquinho", 5, "já mostram que têm serragem nas veias", diz, com natural orgulho, o vovô coruja Lafayete. Ao que Zeffa, acrescenta: - "Só Valeska, 3 anos, e Felipe, 2, que ainda não pisaram no palco. Mas este ano eles estréiam". LEGENDA FOTO 1 - Chiquito (o genro Paulo Buck Neto) e o filho Felipe, 2 anos, que já começa a ensaiar os passos na tradição familiar. LEGENDA FOTO 2 - A novíssima geração dos Queirolo ao lado do Zé Gotinha: Débora, Andréa, Érica e Valeska. O show não pode parar...
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
27/01/1991

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