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Aramis

O exemplo do Banorte

A apresentação do Quinteto Violado (dia 10, auditório Bento Munhoz da Rocha Neto, 21 horas) tem um aspecto significativo: patrocinado pelo Banco Nacional do Norte, aquele grupo de música nordestina está fazendo uma nova excursão ao Sul, trazendo as canções, o folclore, a cultura popular da região em que a organização financeira Banorte tem o seu suporte. E a escolha do Quinteto Violado, grupo formado a 18 de outubro de 1971, quando fez sua primeira apresentação em Nova Jerusalém, em Pernambuco, traduz a rica cultura popular da região, já registrada em meia dúzia de elepês e vários espetáculos "Berra Boi", "A Feira" e, por último, "A Missa do Vaqueiro", que teve recente temporada no Rio de Janeiro, simultaneamente a edição do elepê, pela Philips. xxx Assim como o Quinteto Violado, outros grupos musicais da região traduzem uma profunda seriedade na pesquisa da cultura popular - o Quinteto Armorial, a Banda de Pau e Corda e a maravilhosa Bandinha de Pífaros de Caruaru, que o produtor Luthero Renato promete trazer a Curitiba, dentro de algumas semanas, na estréia da peça "A Árvore dos Mamulengos", de Vital Lima (que virá dirigi-la). Mesmo acusado pelos críticos mais radicais (leia-se J. Ramos Tinhorão) de uma "sofisticação" e "comercialização" do trabalho originalmente proposto, o Quinteto Violado, formado por Fernando Felizola (viola), Luciano Pimentel (percussão), Marcelo Melo (violão), Toinho Alves (baixo) e José Oliveira (flauta) (que substituiu ao Sando), merece ser assistido e aplaudido. E quando o Sistema Financeiro Banorte patrocina a temporada do quinteto Violado (que segunda-feira estará em Florianópolis, no SESC; dia 8 no Teatro Carlos Gomes, em Blumenau; dia 9 na Sociedade Ginástica de Joinville; dia 10 em Curitiba e dia 11 no Teatro Universitário, em Londrina), é de se perguntar porque o Conglomerado Banestado, tão pródigo em suas campanhas de publicidade, não se preocupa em investir um pouco para a difusão de nossa cultura. "Cidade Sem Portas", espetáculo musical que contava a história de Curitiba e foi montado em 1973 (duas temporadas no Paiol e uma nos bairros da cidade, com o maior público já alcançado por uma produção local) graças ao apoio financeiro do banco Nacional (ex-Minas Gerais) que, aliás, foi o pioneiro em aplicar boas somas em espetáculos culturais. O grupo Banestado, até hoje tem se mantido impermeável a essas propostas e com isso o Paraná, em termos de cultura, nacionalmente, continua a ser o grande esquecido. xxx A propósito: Paulo Vitola, que fez as músicas de "Cidade Sem Portas", apresentou no final do ano passado, no Paiol, o melhor espetáculo musical do ano ("Diário de Bordo"), que falando de coisas de nossa cidade, poderia ser levado a todo o Brasil, ilustrado com a projeção de "slides" e filmes sobre o Paraná. Poderia se os "Homens do Banestado tivessem a mesma abertura cultural que tem os executivos do Nacional e do Banorte.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
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05/02/1977

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