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Aramis

O exemplo editorial dos pampas

O Rio Grande do Sul é o único Estado do Brasil que possui um Instituto Estadual do Livro. Conseqüência da política inteligente e competente que ali é desenvolvida há anos, os gaúchos têm já 8 atuantes editoras - desde as que se voltam exclusivamente a autores regionais (como o velho mercador de livros Manoel Martins) até casas moderníssimas, com a L&PM, que disputam o mercado nacional com lançamentos up to date. Como se não bastasse esta atuante atividade editorial - deixando mortos de inveja os estados subdesenvolvidos culturalmente como é o caso do Paraná, onde o único editor independente, Roberto Gomes, faz das tripas o coração para poder levar diante a sua firma, a Criar Edições - há ainda outros exemplos de prestigiamento à vida editorial. Um dos mais significativos é o apoio que a Companhia União de Seguros Gerais vem dando à bibliografia daquele Estado. Através de um conselho editorial no qual estão os respeitáveis nomes dos escritores Guilhermino Cesar, Sérgio da Costa Franco, Maurício Rosenblatt e Moacyr Domingues, aquela empresa de seguros, ligada ao Governo do Estado, criou a ERUS - Estante Rio Grandense União de Seguros, já com mais de uma dezena de importantes títulos publicados. MEMÓRIA GAÚCHA - A ERUS - Estante Rio-Grandense União de Seguros preocupa-se basicamente com a memória do Rio Grande do Sul, reeditando - ou lançando obras importantes para a historiografia e cultura gaúchas, em trabalho dos mais bem conduzidos. Assim, já publicou as seguintes obras: "Memórias Economo-Políticas", de Antonio Gonçalves Chaves; "As Missões Orientais e seus Antigos Domínios", de Hemetério José Velloso da Silveira; "Trabalhos e Costumes dos Gaúchos", de Severino de Sá Brito; "Assuntos do Rio Grande do Sul" e "Costumes do Rio Grande do Sul", de João Cezimbra Jacques; "O Brigadeiro José da Silva Paes e a Fundação do Rio Grande do Sul", do general Borges Fortes; "Homens Ilustres do Rio Grande do Sul", de Achylles Porto Alegre; "Cancioneiro da Revolução de 35", de Apolinário Porto Alegre; "Aparas do Tempo", de Moysés Velinho; "História da República Rio Grandense", de Assis Brasil e "Antigualhas", de Antonio Alvares Pereira Coruja. O último volume da coleção é o mais amplo e vigoroso: em 718 páginas foram reunidos os anais do Simpósio sobre a Revolução de 1930, realizada há 5 anos, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Trata-se, evidentemente, de obras voltadas exclusivamente ao Estado - mas que têm a maior importância dentro da documentação e história de um povo. Feliz um Estado que possui uma companhia como a União de Seguros Gerais, cuja diretoria é sensível a projetos desta envergadura - que no Paraná tanta falta fazem (e o Banestado, tão necessitado que está de melhor imagem, bem que poderia apoiar algum projeto semelhante). Aliás, a União de Seguros Gerais também atua na área musical, patrocinando concertos e discos de um dos maiores talentos gaúchos, o pianista Miguel Proença, atualmente diretor da Sala Cecília Meireles, no Rio de Janeiro. TRADIÇÃO E FOLCLORE - Mas as boas edições gaúchas não se limitam a Estante da União de Seguros. Outra instituição daquele Estado o Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore também sabe fazer publicações importantes graças à competência dos profissionais que ali se encontram. JOÃO CARLOS PAIXÃO CORTES, ex-diretor técnico do Instituto, publicou dois volumes reunindo pesquisas desenvolvidas no período em que colaborou com a instituição: "Natal gaúcho e os santos reses" e "Folias do Divino". A estes volumes acrescentou-se a já expressiva discografia e bibliografia que Paixão Cortes desenvolveu desde 1948, quando, ainda estudante de agronomia, fundou o primeiro Centro de Tradições Gaúchas. Incansável estudioso, Paixão Cortes acaba de reunir em livro suas pesquisas provando o pioneirismo do gaúcho Savério Leonetti, fundador de um dos primeiros selos fonográficos do Brasil - e que em forma de livro estará lançando em novembro próximo, durante um encontro nativista na cidade de Carazinho. Através dos "Cadernos Gaúchos", diferentes temáticas vêm sendo estudadas pelos pesquisadores do Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore. O volume um, por exemplo, foi dedicado à História do Tradicionalismo Sul-Rio-Grandense, levantado por Hélio Moro Mariante. O volume 6, foi acoplado a uma coleção de quatro cassetes - gravados nos estúdios do próprio Instituto - com uma entologia da música folclórica - tradicional e popular. Entre estes dois títulos, saíram estudos de Hélio Mariante ("Pandorgueando"), Pedro Leite Villa-Lobos ("Panorama Bibliográfico do Regionalismo Sul-Rio-Grandense"). A série tem continuidade, agora, com volumes mais alentados, como o estudo sobre Carreira de Bois e "Folk Festo e Tradições Gaúchas": Na atual administração, mesmo com a substituição de Paixão Cortes na diretoria técnica do Instituto pela sra. Rose Marie Reis Garcia, as publicações não sofreram solução de continuidade. Presidido pelo professor Paulo Juares Pedroso Xavier e continuando o atuante cantor, pesquisador e folclorista. José Edson Gobbi Otto na direção administrativa, o Instituto publicou ainda no ano passado um volume dedicado a "Carretas e Carreteiros", focando a pesquisa em São Gabriel, o principal reduto de carreteiros no atual contexto sócio-econômico sul-rio-grandense. Os trabalhos do Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore poderão ser conseguidos pelos estudiosos e interessados através de solicitações diretas à entidade - rua Siqueira Campos, 1184, 5o andar, Porto Alegre, CEP 90.000
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Leitura
31
01/09/1985

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