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Aramis

O festival reformulado para evitar injustiças

A sugestão foi feita e aprovada: a partir de 1988, o Festival da Canção Regional de Cascavel terá as finalistas escolhidas apenas após o segundo dia. Ou seja, o júri ouvirá todas as canções selecionadas para só então apontar as 12 que disputarão a premiação. É a forma mais justa para as concorrentes. Este ano, com a camisa-de-força que obrigou o júri a selecionar já na noite de quinta-feira, 23, seis entre as 15 concorrentes, foram beneficiadas músicas medíocres e que, numa avaliação mais rigorosa, jamais passariam até da primeira fase. Em compensação, na segunda noite, com uma elevação no nível das músicas em disputa, algumas bonitas candidatas acabaram ficando de fora. Em síntese: mediocridades chegaram ao final (e farão parte do elepê do Festival), enquanto canções de qualidade saíram do páreo. Pouco a pouco, o regulamento do FERCAPO vem sendo aprimorado e agora uma comissão presidida pelo advogado e empresário Paulo Afonso Seara vai trabalhar para que até o final do ano já exista um documento legal, com a nova orientação do Festival - inclusive propondo novas categorias de premiações. Este ano, sugerimos a inclusão do melhor instrumentista, sendo premiado Watherly Figueiredo, 24 anos, o "Teleu". Bom executante da viola caipira - num páreo duro com o paulista Paul Garfunkel, 32 anos (o "Magrão"), saxofonista e flautista que tem vencido festivais em vários Estados. Também a melhor letra deverá merecer premiação a partir de 1988. Festivais regionais de MPB multiplicam-se no Brasil afora e mesmo no Paraná, mensalmente acontecem em pequenas e médias cidades. Infelizmente, são promoções amadorísticas, misturando interpretação com composição, sem critérios técnicos de julgamento e prêmios pouco animadores. O FERCAPO, graças a visão dos diretores do Tuiuti E.C., entidade que patrocina o evento desde 1971, solidificou-se como uma promoção cultural que tende a se ampliar como um núcleo gerador de outros eventos paralelos. Um dos aspectos mais sérios já foi vencido: eliminar o protecionismo, que durante tanto tempo, o prejudicou, para em favor de candidatos locais, serem eliminados competidores de melhor voltagem, vindos de outros Estados. Afinal, um festival de música não pode se basear em certificado de nascimento para premiar os melhores, e se os "ratões" que fazem o circuito dos festivais mais conceituados chegam de São Paulo, Minas ou Belém do Pará, isto apenas engrandece a competição em termos artísticos. Infelizmente, as premiações são poucas e os candidatos são muitos, de forma que existem aquelas que mostram talento mas não o suficiente, para que na soma de votos obtenham destaque maior. Por exemplo, a interessante cantora Deborah, com voz lembrando Tetê Espíndola, valorizou a composição de seu irmão, Marcelo - "Artista", com uma boa estrutura de letra. Também Neiva e Marilene, afinadas, deram um bom timing a "Melódica", composição de Mafra, mas que não chegou ao final. Buscando o tema ecológico, valorizando extremamente o instrumental, "Pantanal" (Calil Abamansur / Valdomiro Zanini) trouxe um interessante grupo, o Koribi, formado por Calil no piano e Valdomiro na flauta. Isoladamente, o Koribi seria candidato forte. A escolha da gaúcha Denisen Ton ("Cio de Lágrimas") como melhor intérprete do FERCAPO, não teria sido unânime se a canção "Presságio" (Maurício Galan), de Ponta Grossa, tivesse chegado ao final (foi uma das cortadas na sexta-feira). Sua intérprete, a bela morena Regina Guiné, mostrou garra e emoção. E como outra famosa cantora que saiu de Ponta Grossa, a hoje internacional Denise De Kalafe, há 13 anos vivendo no México, rica e famosa (é uma espécie de Maria Bethânia naquele país), Regina canta de pés descalços. Belos pés, aliás! LEGENDA FOTO - Neiva, intérprete de "Melódica". (Foto Neri)
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
31/07/1987
Era um momento em que nós, novoscompositores, estavamos experimentando a canção perfor- mática, i.é, o interprete tinha que "vestir" a música e dividir suas "víceras" com o público. Queríamos ver até onde o compositor pode melhorar o desenho melódico, num acompanhamento gravado por acordes belos mas muito simples. É o caso dePresságio. Guinné, uma soprano popular, exata nas afinações feito Elis, imundava o palco desde a hora que pegara o microfone no chão do palco e, num giro teatro/Ballet assegurava " Tem alguma coisa nas caravelas, nos aviões, em todo lugar..." Desde nossa apresentação já sabiaqueestava classificado. A música foi aplaudida em pé em tres momentos da interpretação de Regina Guiné. Era impossível não classificar ! E olha que junto à organização e júri estava ZUZA HOMEM DE MELLO. Pensei que seria impossível uma maracutaia na presença dele. Foi possível. Nunca mais olhei-o com repeito. Descobri que era apenas mais um desses oportunistas que chafurdam no meio musical pra ficar com aura de sentimental. de intelectual engajado na criação brasileira que, à época, esta fervilhando. E pra variar, ainda estava a dupla irmãos Ferreti que viviam babando ovo onde podiam e que eu e meu grupo já enfrentamos em outros festivais e conhecíamos bem seus métodos. Eram mais tutinha da Jovem Pan do que Jobim. Certa vez ganhei primeiro lugar em um festival, nem lembro direito. Me deram um cheque nominal no valor do primeiro prêmio e, qual minha quando coordenadores pediram pra qye assinasse o cheque e passasse pra eles pois houvera engano na somatória das notas. O primeiro prêmio era um Gol. Fizeram acerto com pessoas "culturais" que organizaram o festival e racharam o gol. Nessa época já tinha maturidade pra sabewr que nada adianta contra essa hienas. Sinto pela MPB que, agora por exemplo, está em baixa(fora Bahia) que ate novelas têm que colocar músicas com mais de 20 anos na trilha pois não há nada de bom gosto ou que não sejacópia de uma fórmula que já não funciona mais.Guin´´e esdtá na Alemanha, fazendo sucesso e, outro dia pediu-me duas músicas novas pois a baNDA QUERIA GRAVAR COM ELA MINHAS MÚSICAS e, pasme, querem gravar em português! Minhas composições já estavam num padrão deaceitação na europa, estávamos conseguindo. Continuo compondo, faço muitas trilha pra teatro, e sei que nessa próxima década estaremopspreparados pra servir o Brasil de arte e beleza. Não podemos ficar juntando uma cochuda, com +- 10 Afrodescendentes seminús dançando atraz. A letra é horrível, a interpretação nula, são cantoras de caminhão não de palco e, com isso, ganham tanto dinheiro que possuem aviões etc, simplesmente para surrupiar todaa grana dos coitados que viram micos quando a percussão começa e agora é pulos, abraços, suor,dinheiro, abadá$$$. Quem nasceu depois do auge da MPB, com Elis, Ivan Linz, Francis Hime, etc, Não entenderá porque temos saudades, nem saberá que nomes famosos num feswtiva, tipo o Zuza, não adianta nada. Fosse do lado da MPB não deixaria acontecer o vexame de Cascavel. Alí acabou o Fercapo. Não adianta ir, será enganado com certeza. É uma pena.

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