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Aramis

O meio século da Cinédia ganhou livro referencial

Há muito tempo que Alice Gonzaga Assaf sonhava em publicar um referencial quem foi quem (e fez o quê) nos 50 anos da Cinédia, estúdio cinematográfico fundado e dirigido por seu pai, o pioneiro Ademar Gonzaga. Herdeira não só do patrimônio que Ademar deixou, Alice tem sido a grande lutadora pela memória do estúdio que marcou uma das fases mais importantes da cinematografia brasileira, que tem sua data oficial de fundação em 20 de março de 1930 quando foi iniciada a rodagem de "Lábios Sem Beijos". Até "Salário Mínimo", que Ademar dirigiu em 1970, a Cinédia teve uma presença das mais vigorosas dentro da história de nosso cinema. Agora, finalmente Alice publicou seu referencial "50 anos de Cinédia" (Record, 174 páginas), valorizado pelas fichas técnicas de todos os curtas e longas ali produzidos, além de um completo levantamento de todos os artistas, técnicos, cineastas etc., que passam pelos estúdios de Jacarepaguá, que até hoje continua funcionando - hoje alugado principalmente para a produção de telenovelas, programas humorísticos e especiais de televisão. xxx Além de ter sido o pioneiro fundador da Cinédia, Ademar Gonzaga for também o editor de "Cinearte", a primeira revista voltada a dar grande cobertura ao cinema brasileiro nos anos 30 - e cuja importância a fizeram merecer até um livro-ensaio de Paulo Emilio Salles Gomes. Lendo-se "50 anos de Cinédia" - com dezenas de ilustrações, que Alice extraiu de seus arquivos, fazemos uma travessia pelo cinema brasileiro, através dos filmes produzidos por Ademar Gonzaga e que eram dirigidos por pioneiros como Luiz de Barros, Wallace Downey, Humberto Mauro, Mesquitinha e tantos outros verdadeiros heróis que, por seu idealismo, procuravam fazer um cinema criativo, digno - mesmo com pouquíssimos recursos técnicos. xxx Alice Gonzaga, tem brigado como um leoa pela defesa do patrimônio-acervo da Cinédia. Graças ao seu amor e organização, o patrimônio deixado por seu pai foi não só preservado como, dentro da medida do possível, vem sendo restaurado, possibilitando que algumas cópias de filmes marcantes possam ser vistos por uma nova geração de cinéfilos - conhecendo assim filmes como "Alô, Alô! Carnaval", que Ademar Gonzaga e Wallace Downey realizaram em 1936, com roteiro de João de Barro e Alberto Ribeiro. Graças a este filme, temos imagens de Noel Rosa, Heitor dos Prazeres, irmãs Pageas, Assis Valente, Carmen e Aurora Miranda, Benedito Lacerda e tantos outros grandes nomes de nossa MPB, que eram sempre convidados a fazer participações especiais nos filmes da Cinédia. xxx Um livro como "50 anos da Cinédia" fica entre aquelas obras documentais, da maior importância para quem se interessa em conhecer o nosso cinema. A Record, mais uma vez, mostrou sensibilidade editando este volume.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
25/05/1988

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