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Aramis

O melhor jazz para quem sabe apreciar

Para quem sabe apreciar o melhor som instrumental, em especial o jazz dos bons tempos, um punhado de opções graças aos bons fluídos do Free Jazz Festival. São discos indispensáveis para serem curtidos na suavidade auditiva. Art Blakey, 68 anos, a grande personalidade na terceira edição do free jazz, mostra toda sua arte em dois lançamentos colocados há poucas semanas nas lojas. Ao lado do pianista McCoy Tynner, sax de Sonny Stitt (1924-1982) e o baixo de Art Davis, 53 anos, num registro de 1963, agora lançado pela MCA/WEA, desenvolve leituras personalíssimas dos temas "Cafe", "Just Knock On My Door", "Summertime", "Blue Back", "Sunday" e "The Long Is You". De uma gravação bem mais recente - maio de 1982, na Holanda - Art vem com outros jazzmessengers, igualmente magníficos em "Oh-By The Way" (Timeless/Imagem) - Terence Blanchard no pistão; Bill Pierce no sax tenor, Donald Harrison também no sax alto; Johnny O'Neal no piano e Charles Farnbrough no baixo. Temas clássicos - "My Funny Valentine", ou composições dos próprios "mensageiros" que o acompanhavam em 82 - como a faixa-título, de Blanchard ou "Sudan Blue" do saxofonista Pierce - mostra como Art Blakey sabe escolher os músicos que o acompanham. E nos concertos do Rio e São Paulo, há um mês, mostrou isto mais uma vez. Um intermezzo para um grande músico brasileiro: homem da noite, Araken Peixoto grava seu segundo elepê na Eldorado ("Um Pistom Dentro da Noite"), para com a afetuosa participação do mano Moacyr no piano, mais Evaldo Guedes no baixo acústico e Ricardo Vaz Teixeira na bateria, dar aquela interpretação suave, after hours, que desce redonda pelos ouvidos, para standards nacionais como "Balada Triste", "Folha Morta", "Gente Humilde", "Chuvas de Verão", "O Amor em Paz", "Bom Dia Tristeza" entre outros temas. Um disco absolutamente indispensável aos românticos. Para quem aprecia o som de metal harmonioso, dos bons tempos, dois discos também indispensáveis, ambos da Imagem - que aqui representa a Everest Records. Em "Big Bands of the Swinging Years", desfila o som das bandas de Miller, Dorsey, Charles Barnett. Ellington, Artie Shaw, Tony Pastor, Chic Wbb (com Ella Fitzgerald como vocalista), Armstrong (tendo Jack Teagarden como vocalista em "Old Rocking Chair"), Jimmy Lucenford e Woody Hermann - este, pobre, doente, esquecido hoje, aos 74 anos, mas no auge de seu vigor quando gravou "Caldônia", uma das faixas deste elepê extraordinário. Outro summit - ou seja o encontro de grandes instrumentistas - é "Sax Greats", que reuniu faixas gravadas por sax-tenores históricos como Stan Getz ("Don't Worry About Me" e "And The Angel's Swing, 31/7/1946); Charlie Ventura ("Dark Eyes" e "Big Deal", 24/8/1945); Ted Nash ("Annie Laurie", 21/6/46); Don Byas ("They Say It's Wonderful", 21/8/46); Ben Webster ("Body and Soul" e "Honeysuckle Rose", 17/4/44); Coleman Hawkins e Budd Johnson ("Old Man River", "Wrap Your Troubles In Dreams", 1/5/44). Em cada sessão, notáveis músicos também participaram e passadas quatro décadas, estas faixas são absolutamente perfeitas. Melhor ninguém faria...
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
20
11/10/1987

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