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Aramis

O muito que os Lied deixaram em Curitiba

Hoje à tarde, quando o casal Helmut-Heided Lied embarcar para o Rio de Janeiro, de onde viajará para Toronto, via Nova Iorque, o nosso pequeno mundo cultural ficará um pouco menor. Mais do que o professor e diretor do Goethe Institut/Instituto Cultural Brasileiro-Germânico e sua família, que, dentro da rotatividade que marca a vida de pessoas ligadas à missão diplomática e cultura internacional, Curitiba perde uma família que, mais do que muitas aqui nascidas, se integrou com a maior sinceridade e amizade a nossa comunidade. Quando os Lied aqui chegaram, há 8 anos, o Instituto Cultural Brasileiro-Germânico era uma modesta entidade, dirigida por muitos anos por um idealista professor, Henrique P. Zimmermann, falecido pouco tempo antes, que, sem maiores recursos, se limitava a manter cursos de alemão. A injeção de recursos no Goethe Institut, com sede em Munique e representações em mais de 50 países, veio possibilitar que, em menos de 5 anos, a instituição se tornasse mais ativa de todas as existentes na cidade. Obviamente, não se pode - nem deve - esquecer o muito que a cidade e o Estado devem a todas as outras instituições culturais, mantidas ou auxiliadas por organismos ou governos estrangeiros, que, ciclicamente, mudam seus diretores executivos, e têm períodos de maior ou menor atividade cultural. Ocorre, entretanto, que uma série de fatores ajudou a fazer do Goethe Institut, a partir de 1972, uma entidade que se destacou em todas as áreas, solidificou suas raízes e hoje faz parte efetiva da vida paranaense, Helmut e Heided Lied tiveram sensibilidade, diplomacia e, sobretudo, competência, de não se preocuparem em impor uma visão cultural ou didática, mas, sim, integrar-se à cidade, ao Estado e ao País. Pela própria presença vigorosa da colônia alemã no Sul, especialmente em Curitiba, o aspecto do ensino do idioma de Goethe pôde ser desenvolvido - tanto é que há duas livrarias na cidade especializadas em publicações em alemão, com excelente movimento. Ao lado da área didática, o Goethe promoveu mais de 400 eventos, nas mais diversas áreas: cinema, teatro, artes visuais, ciência, ecologia, educação, sociologia, etc., buscando sempre estabelecer um relacionamento direto entre o conhecimento, o know-how, a experiência alemã com a nossa realidade. Somado ao fato do Consulado Geral da República Federal da Alemanha ser a maior representação diplomática no Paraná e Santa Catarina, a vinda de muitos grupos empresariais alemães para o Paraná, convênios de colaboração mútua, o trabalho do Goethe Institut foi o ajuste perfeito. Assim, o verdadeiro festival de homenagens que os Lied mereceram no último mês, quando anunciaram sua transferência para o Canadá, foi dos mais merecidos. Helmut leva o título de cidadão honorário de Curitiba, enquanto sua esposa mereceu - pela primeira vez na história do Legislativo Municipal - também uma distinção especial, em iniciativa, das mais louváveis, do vereador João Baptista Gnoato. Em todas as áreas o Goethe Institut plantou (e viu florescer) sementes entre 1972/80, mas especialmente nas atividades musicais, cinematográficas e teatrais é que teve maior integração. Heided, voluntariamente, criou um grupo de tradutores, que possibilitou a estréia mundial em Curitiba, há 2 anos, de "Linha de Montagem" de Xaver Krotz.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
9
13/04/1980

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