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Aramis

O nosso centro no fim do século (II)

Mesmo antes de qualquer oficialização do chamado "Projeto Centro" (por enquanto, ainda um estudo circulando na área técnica do IPPUC), algumas das idéias ali desenvolvidas começam a despertar interesse de grupos privados. Uma delas, talvez a mais audaciosa é a que estimula a construção de estacionamentos subterrâneos, nas praças Santos Andrade e 19 de Dezembro, e já teria merecido atenção de um poderoso grupo econômico espanhol, acreditando nas possibilidades de um investimento como esse, da ordem de vários bilhões de cruzeiros, que poderia ser rentável em poucos anos. Afinal, estamos a apenas 15 anos do limiar do século XXI, a cidade cresce e apesar de toda a filosofia de se afastar o tráfego intenso do centro da cidade, a presença do automóvel no cuore urbano é indispensável para que o mesmo possa Ter um revigoramento. O projeto "Centro da Cidade", desenvolvido entre 1983/84 pelo arquiteto Rafael Dely e uma equipe de profissionais do IPPUC, traz como uma das mais importantes propostas a implantação dos estacionamentos subterrâneos. Estes ficariam a cargo da iniciativa privada, na modalidade de "cessão do direito real de uso por tempo determinado", em se tratando de logradouros públicos e quando não comprometer a paisagem, e, compreendido em locais que não tragam inconvenientes ao trânsito, de acordo com a análise do IPPUC. Esses estacionamentos serão utilizados também como indutores de crescimento da região. xxx Um exemplo desse tipo de empreendimento seria o que ocuparia a Praça 19 de Dezembro. O estacionamento seria construído abaixo do nível da praça (com reconstituição no nível atual, por motivos históricos e culturais), acoplado e viabilizado por atividades comerciais tipo shopping, supermercado, etc., e torre de escritórios, ocupando um máximo de 7% da praça. Essas atividades e o próprio estacionamento contribuiriam, substancialmente, para interligar o centro à Estrutura Norte, com vistas à função trabalho. O terminal de ônibus ali seria também subterrâneo, constituindo solução futura para o local e dando substancial apoio ao comércio e serviços ali implantados. A título de aluguel dessa área, o município poderia exigir, de quem explorasse esse complexo, a construção da via enterrada do ônibus expresso ao longo da Rua Riachuelo, Praça Generoso marques e a primeira quadra da Rua Barão do Rio Branco, transformando e revitalizando todo esse setor, de grande importância para a cidade. Com relação à Praça Generoso Marques, o terminal hoje localizado ali estaria em nível inferior, bem como ao longo dos trechos que fazem sua ligação à Praça Tiradentes, inclusive a parte não arborizada. xxx Outro grande estacionamento subterrâneo poderia localizar-se na Praça Santos Andrade, entre o Teatro Guaíra e a Universidade Federal do Paraná, além de alguns trechos adjacentes, como a própria Rua XV de Novembro, entre Presidente e Conselheiro Laurindo. Para o estacionamento que a URBS já explora, na Praça Rui Barbosa, a idéia é vertical: poderia Ter mais dois pisos acima do atualmente existente. Em contrapartida, a municipalidade poderia exigir a passagem para o nível inferior das plataformas e vias de circulação de transporte público nesse praça, constituindo solução futural para aquele terminal. xxx São projetos que demandarão, obviamente, muitos estudos e discussões. Mas que não deixam de ser idéias importantes a planificar, tendo em vista os problemas crescentes de tráfego e estacionamento no centro da cidade. Uma curiosidade: há 35 anos, quando o advogado Joffre Cabral e Silva (1914-1967), um dos curitibanos que mais se identificaram com a cidade, sonhava em disputar a Prefeitura, incluía, como um dos pontos de sua plataforma, a construção de estacionamentos subterrâneos nas praças Tiradentes e Osório. Chamaram-no de visionário. Assim como poucos acreditavam no Santa Mônica Clube de Campo, quando ele fundou o clube, há 25 anos passados. Afinal, de sonhos e visionários é que a cidade precisa. No bom sentido.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Nenhum
04/01/1985

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