O Paraná & Itaipu (IV)
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 26 de maio de 1974
Com a inundação de uma área de 1.350 quilômetros quadrados para o reservatório - o que corresponde a mais da metade do território de Luxemburgo - A Usina de Itaipu custará ao Paraná a perda de uma contribuição produtiva de aproximadamente 1000 quilômetros quadrados de terras férteis, numa região de agricultura bastante avançada e de terras roxas de excelente produtividade. O imenso lago que será formado pela chamada obra do século - cuja necessidade e importância para o nosso progresso é tema inquestionável - trará além da perda desta vasta região agrícola, também a queda de potência hidráulica aproveitável em alguns dos alfuentes da margem esquerda do rio Paraná. Por serem de pequeno porte, seriam, a mais longo prazo, suscetíveis de aproveitamento pela concessionária estadual de energia elétrica da Copel. Conforme estudos preliminares, a perda dos rios Guaçu, São Francisco Verdadeiro, São Francisco Falso e Ocoí, será da ordem de 45 MW, o que, aos atuais fatores de carga do sistema estadual, corresponderia a uma potência instalável da ordem de 80 MW. Na área em que se formará o grande lago, hoje o plantio de soja e trigo constitui a principal atividade agrícola. A preços de março/74 e condições médias de produtividade, a inundação daquela área acarretará uma perda anual de produção superior a Cr$ 437 milhões, correspondentea 210.00 toneladas de soja e 150.000 de trigo. A perda da renda da área, por sua vez, situarse-á em valor superior a Cr$ 200 milhões por ano. E ainda desaparecerão os Saltos de Guaíra ou Sete Quedas acarretado pelo remanso do reservatório de Itaipu - eis o preço natural do progresso, mas que será (espera-se) compensado com altos juros em poucos anos. Exceto do ponto de vista da beleza natural: as Sete Quedas serão no ano 2000 apenas colirdas lembranças em fotos de Atlas e filmes do passado.
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