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Aramis

O quarentão Ringo e os bons novos grupos vocais

Ringo Starr sempre foi colocado como uma espécie de "patinho feio" no universo dos Beatles. Último a entrar no grupo – substituindo ao baterista original Pete Best, em 15/08/1962, Ringo – ou Richard Starkey, se integrou ao revolucionário grupo, mas nunca pretendeu, enquanto o grupo existiu, vôos maiores. Ao contrário, nos filmes que o conjunto fez ("Os Reis do Iê-Iê-Iê/ A Hards Day´s Night; "Help", ambos de Richard Lester), foi reservado a Ringo os papéis mais cômicos – aproveitando o seu senso de humor. E seria no cinema que Ringo Starr faria uma carreira até de certa brilhante, participando de mais de uma dúzia de fitas - a última dos quais foi " O Homem das Cavernas" (The Caverman), visto há menos de um mês no extinto (hoje) Cine Rivoli. Quando Lennon, McCartney e Harrison partiram para álbuns-solos, já no prenúncio do "fim do sonho", Ringo fez o seu álbum-solo, "Sentimental Journey" de uma forma nostálgica: regravando as mais belas músicas americanas dos anos 40/50, e mostrando, assim uma voz até certo ponto suave. Hoje aos 42 anos - a serem completados no próximo dia 7 de julho, cabelos e bigodes pretos – aspecto que lembra o guitarrista alemão (Olmir Stocker, que fez o bejo Ip "Longe dos olhos... perto do coração", Som da Gente/ Nosso Estúdio, 1981), Ringo reaparece com um sentimental disco: "Stop and smell the roses" (RCA, 104.8208, dezembro/81). Não se pode classificar este novo álbum solo do ex-Beatle como um disco apenas romântico – mas se trata, basicamente, de um disco de transição, ajustado a um instrumentista – e vocalista eventual – entrando na maturidade. Numa espécie de reaproximação com os antigos companheiros houve não só as participações de Paul (e Linda) McCartney em várias faixas, como também de George Harrison - que atuou ainda como produtor em algumas faixas " You Belong to me", "Sure To Fall (In Love with you); enquanto Paul MacCartney além de tocar piano, baixo e percussão, produziu as faixas "Private Property", "Wrack My Brain" e "Attention", todas de sua autoria. Na presença de superstars, Harry Nilson não só dividiu com Ringo a autoria da faixa-título "Stop and take the time to smell the roses", oferecendo ainda sua inédita "Drumming is My Madness". "Back off off bugaloo" – esta uma composição do próprio Ringo, que com Ron Wood dividiu a criação e realização de "Dead Giveaway". Como se vê, houve produtores especiais para cada uma das faixas, num cuidado de revalorizar Ringo Starr. Por exemplo, "You belong to me", que Pee Wee Kinh, Red Steward e Chilton Price compuseram há 30 anos passado, retornou revalorizada agora com as interpretações de Ringo nos vocais, amparado por Harrison na guitarra, enquanto "Back of bugaloo" foi composta por Ringo em 1971 – mas só agora registrado. Para os beatlemaníacos, um disco indispensável. Aos que sempre admiraram a ironia de Ringo, um disco agradável de se ouvir. xxx Ao mesmo tempo que a Sigla/Som Livre relançou os maiores sucessos do grupo Abba num elepê especial, colocado nas lojas em novembro, a RCA – gravadora a que pertence este grupo sueco, nos traz seu mais recente elepê: "The Visitors". Um disc dos mais surpreendentes, mostrando porque Benny Andersson e Bjorn Ulvaeus podem tranqüilamente serem classificados entre os compositores mais criativos desta década. De "The Visitors" – primeira faixa a "Like Na Angel Passing Throught My Roon", são nove momentos de uma surpreendente suavidade e emoção para quem imagina o som pauleira que tem caracterizado tantos grupos. O Abba retoma, resgata a música vocal – sem, é claro, os virtuosismos sonoros da época do HI´Los, mas identificado a letra a criação instrumental – no caso a bateria de Ola Brunkert (em "Soldiers" e "The Visitors", substituído por Ler Lindvall); a percurssão de Ake Sundquvist; o baixo de Ruger Gunnarson a guitarra de Lassa Wellander e Bjorn Uealveus; os teclados de Benny Anderson; e as participações especiais – como da flauta e clarinete de Jan Kling em "I Let The Musik Speak" e os bandolins do grupo The Three Boys em "One of Us". O designer que Rune Soderqvist criou para a capa, sobre duas fotos de Lars Larsson oferece o clima ideal para este "The Visitors", musicalmente, é isto: um disco sonoramente bem iluminado, mostrando o Abba de uma forma suave e vigorosa – numa caminha definitiva para consagrá-los como o melhor grupo vocal contemporâneo. xxx Se o Abba é um quarteto formado por quatro loiros suecos, o Kool & The Gang reúne oito afinadíssimos criolos americanos, que com músicas como "Good Time Tonight" podem ser ouvidos tanto no calor das discotheques como na calma de uma noite de amor. Em "Something Special" (De Life Recording/RCA, 104.8206), somaram-se as vozes de James Taylor (não confundir com o baladista branco), George Brown, Ronald Bell, Robert Bell, Robert Mickens, Michael Ray, Steve Greenfield e Clifford Adams, também duas vozes femininas em "Something Sweet". Suave especialmente, mas com ritmo e vibração nas horas necessárias, Kool & The Gang explode em "Steppin´Out", Take My Heart", "Be My Lady", "Stand Up and Sing" – faixas onde sente-se a participação do brasileiro Eumir Deodato, que além de executar os teclados foi também o produtor deste disco onde as vozes do Koll, somam-se a segurança de seus instrumentistas: o baixista Robert "Kool" Bell, o baterista George Brown; o saxofonista/tecladista Ronald Bell, o guitarrista Charles Smith; os pistonistas Robert Mickens e Michael Ray; o trombonista Clifford Adams; os saxofonistas Dennis Thomas e Steve Greenfield (este também flautista). Aos que acompanham a carreira de Eumir Deodato, desde sua época dos Catedráticos (Rio, 1962), é interessante sentir a sua visão de pianista-produtor neste up to date trabalho com o Kool & The Gang. Commodores é outro grupo vocal formado por criolos – um sexteto que já há alguns anos vem brigando com seu ritmo bem coordenado, em produções orientadas pela competência de James Anthony Carmichael que dirigiu a realização deste "In The Pocket" (Motown/RCA, 104.8203, com uma faixa em destaque: "Lady" (You Bring Me Up). Da chamada "geração 60", da Motown Records – gravadora formada exclusivamente por artistas negros, The Commodores sempre se caracterizou com um estilo balançante, onde a percussão/bateria se equilibra as palmas para suas interpretações - e o que se repete em faixas como "Saturday Night", "Keep On Taking Me Higher", "Oh No", "This Love" e "Lucy", as duas últimas de Lionel B. Richie Jr., e bons momentos deste entusiasmante disco.é outro grupo vocal formado por criolos – um sexteto que já há alguns anos vem brigando com seu ritmo bem coordenado, em produções orientadas pela competência de James Anthony Carmichael que dirigiu a realização deste "In The Pocket" (Motown/RCA, 104.8203, com uma faixa em destaque: "Lady" (You Bring Me Up). Da chamada "geração 60", da Motown Records – gravadora formada exclusivamente por artistas negros, The Commodores sempre se caracterizou com um estilo balançante, onde a percussão/bateria se equilibra as palmas para suas interpretações - e o que se repete em faixas como "Saturday Night", "Keep On Taking Me Higher", "Oh No", "This Love" e "Lucy", as duas últimas de Lionel B. Richie Jr., e bons momentos deste entusiasmante disco. Com três belas mulheres, o octeto Skyy é uma positiva fusão branca negra: as vozes de três brancos, não impede que este grupo já conhecido dos ouvintes brasileiros tenha um ritmo vibrante, faznedo faixas como "Let´s Celebrate" e "Call Me" chegarem tranquilamente as paradas. Solomon Robert Jr., Anibal Boochie`Sierra, Gerald Lebon, Tommy McConnel, Larry Greenberg, Deniss "Flo" Cranwford, Bonnie "H" Dunn Dunning e Dolores Dunning Miligan- os integrantes dp "Skyy" com um repertório próprio, especialmente composições de Randy Muller, mostram os alemães que escolhera o oriental nome de Geghis Khan para o grupo discoteque que apareceu nos últimos 3 anos, catapultando com o moismo impulsionado em "Saturday Night Fever" (Os Embalos de Sábado à Noite) navegam em novo lp dançantes: "Wir sitzen alle in selben Boot" (Young/RGE, 304.7011). Basicamente dançantes – a tal ponto que já existe um grupo no Rio, com bailarinos especialistas em "coreografar e promover a música do Genghis Khan são destinadas ao corpo, num estilo dos mais comerciais. De qualquer forma, vale o registro.  
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Jornal da Música
Nenhum
17
17/01/1982

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