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Aramis

O recital que não houve de Yupanqui

E o recital de Atahualpa Yupanqui não aconteceu. Simplesmente foi cancelado poucas horas antes, após a diretora de arte e programação da Fundaçao Teatro Guaira, Yara Sarmento, ter feito dezenas de telefonemas ao escritorio do Sr. Atilio Vanicci Filho - " Junior " que em nome de Camilo Prado & Associados, havia assinado o contrato para utilização do palco do auditório Bento Munhoz da Rocha Neto na noite de terça-feira, 8 O " Junior" siquer respondeu os telefonemas, encarregando sua secretária de apresentar esfarrapdas desculpas. Até a tarde de terça-feira, Yara tentava obter a confirmação do cancelamento do espetáculo cujo já centenas de ingressos haviam sido vendidos apesar da pouquissima divulgação feita a respeito deste nome do folclore latino-americano e que nunca se apresentou em Curitia. xxx Não é a primeira vez que empresários irresponsáveis deixam de tratar o público Curitibano com o respeito que merece. A alegação de que Atahualpa Yupanqui encontra-se hospitalizado em Buenos Aires poderia ter sido transmitida pelo menos com antecedência de 48 horas, para que a FTG acionasse sua central de divulgação e esclerecesse s suspensão do espetáculo. Entretanto, numa prova de Irresponsabilidade, o empresário nada comunicou, fazendo com que a direção do Teatro acreditasse que seria realizado. Embora fosse bastante estranho que um recital desta dimensão cultural acontecesse sem qualquer promoção maior, conforme comentamos em nosso registro na terça-feira. xxx Aos 74 anos de idade, sofrendo problemas de saúde, é normal que Atahualpa Yupanqui seja obrigado a cancelar uma temporada. O anormal é que o teatro em que ele iria se apresentar não receba a menor comunicação e em consequência, as bilheterias vendessem os ingressos para um espetáculo que não aconteceria. Há algum tempo, a irresponsabilidade foi de um grupo de amadores locais, que numa encenação operistica, suspenderam a última hora a apresentação - justamente no dia 1º de abril. No caso, não sabemos se a assessoria juridica da FTG tomou as providências legais. No caso da irresponsabilidade do empresário Atilio Vanicci Filho, a diretoria de arte e programação, Yara Sarmento que é além de atriz, advogada garantia-nos na tarde de terça-feira, que a multa contratual será cobrada : 10% sobre a lotação total do teatro, o que o deve dar cerca de CR$ 2 milhões. Entretanto, a simples indenização financeira não é o suficiente. A diretoria da Fundação Teatro Guaira tem que se preocupar em encontrar fórmulas seguras e rigidas, para punir exemplarmente todos os empresários que não cumprirem seus compromissos chegando mesmo a inclui-los numa lista negra, para moralização do calendário artistico, Afinal, o público merece respeito e não se entende que numa época de comunicações instântaneas, um escritório localizado em São Paulo não possa dar uma informação clara e objetiva evitando-se assim "canos"e "furos" num calendário artistico. Ou, no mínimo, dando ao espectador a informação correta. O tele suspendendo oficialmente a apresentação de Atahualpa chegou às 19:30 horas de terça-feira. Ou seja: 90 minutos antes da hora em que o espetáculo deveria ter inicio. Vamos aguardar para saber o que os diretores da Fundação Teatro Guaira farão a respeito. O que não pode acontecer é simplesmente, aceitar desculpas esfarrapadas.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
10/05/1984

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