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Aramis

O som da gente em New York

Nova York - Na tarde de terça-feira, 7, após um repórter do caderno de espetáculos do "The New York Times" ter entrevistado demoradamente o múltiplo instrumentista Hermeto Pascoal, no hotel Loews & Summit, na Lexington Avenue, fez questão de fotografá-lo no Town Hall, teatro no qual aconteceu nos dias 10 e 11 as apresentações dos músicos do Som da Gente. Profissional experiente, acostumado a fotografar grandes personalidades artísticas, a emoção o dominou quando, ao piano, o albino bruxo alagoano, começou a dedilhar alguns temas. Aquilo que deveria durar apenas alguns minutos acabou se transformando quase num miniconcerto para o jornalista do "New York Times" e algumas outras pessoas presentes. O resultado foi uma grande reportagem publicada na sexta-feira, 10, acrescentando-se assim a dezenas de outras notícias que as duas apresentações desta amostragem da Brazilian Instrumental Music, vem obtendo junto aos principais veículos de divulgação de Nova York - e que deverão se estender em comentários e críticas nos próximos dias. "Estamos entrando nos Estados Unidos pela porta da frente", comenta, cansada, mas satisfeita, Teresa Souza, 50 anos, diretora do Som da Gente e a grande responsável por este evento definitivo para que a melhor música que se faz hoje no Brasil tenha uma valorização internacional. Só mesmo uma personalidade da força de Teresa, que ao lado de seu marido, o também compositor Walter Santos, fez do Nosso Estúdio, o melhor e mais premiado centro de criação em áudio do Brasil, é que poderia coordenar um acontecimento desta expressão que, em termos de produção internacional da música popular brasileira, no Exterior, tem características inéditas. Desde que Sérgio Reis, 49 anos, diretor de comunicação e marketing do Banco Bamerindus do Brasil, deu sinal verde de que o Banco de Nossa Terra, aprovava o patrocínio à iniciativa em levar o trabalho de criadores musicais e instrumentistas da dimensão de Hermeto, Alemão, Amilson Godoy e grupo, o trio de violonistas D'Alma e o quarteto Cama de Gato, o projeto passou a ser encarado da forma mais profissional possível. Rifka Montarelli, 27 anos, filha de Teresa e Walter, fez a coordenação executiva nos Estados Unidos para que a produção pudesse ser desenvolvida sem problemas de última hora, tão comuns acontecerem em acontecimentos artísticos. Para isto, houve a preocupação de buscar um dos mais competentes executivos em shows musicais, não só nos Estados Unidos, mas também na Europa - Scott Southard, 30 anos, que com sua experiente equipe cuidou de todos os detalhes técnicos. Em novembro do ano passado já era julgado [alugado], por US$ 7,200 dólares um dos mais apreciados espaços de Nova York - o Town Hall, com seus 1.200 lugares e nos quais, ao longo dos anos tem acontecido alguns dos melhores espetáculos do mundo. A contratação de toda uma equipe técnica - iluminadores, pessoal de apoio, etc., obedeceu as rígidas normas americanas. Assim, para o engenheiro de som do Nosso Estúdio, Marcus Vinícius, poder vir supervisionar o setor, foram, como manda a lei sindical, contratados dois outros engenheiros americanos (cada um recebendo US$ 223 por noite) que se limitaram a assistir o trabalho dos brasileiros. "É a lei e não queremos fazer nada que possa trazer problemas", explicava, na quarta-feira, Karla Popovic, 26 anos, irmã de Rifka e que naturalmente se incorporou a este projeto internacional do Som da Gente. Com antecedência de 6 semanas, Don Lucoff, jornalista, nova-iorquino, especializado em promoção de espetáculos, enviou a 523 profissionais ligados à área musical, de jornais, redes de televisão e rádios, de todo o país, completos kits informativos sobre o evento, acompanhados de uma gravação em laser, contendo exemplos mais representativos dos trabalhos dos artistas selecionados para o evento. A jornalista brasileira Cristina Ruiz, que mora em Nova York foi contratada para apoiar o trabalho e, neste fim de semana, deram atendimento direto a jornalistas vindos de várias partes - inclusive André Francis, um dos organizadores do consagrado Festival de Jazz de Paris. De Chicago, veio John Ephland, um dos editores da Bíblia do Jazz, a revista "Down Beat", enquanto que o casal Lorri e Michael Fagein, que em Gainsville, na Flórida, editam outra respeitada publicação especializada - "Jazz is" - também estão conhecendo o som dos músicos brasileiros. De Los Angeles, vieram Ana Maria Bahiana, correspondente da Folha de São Paulo na costa oeste e especializada em música e Sérgio Mieiniznko, produtor de um programa distribuído em dezenas de emissoras de vários estados. Estes profissionais de informação musical se integraram a um grupo de jornalistas brasileiros - Zuza Homem de Mello, José Nêumane Pinto e Antônio Giron (O Estado de São Paulo), Antônio Mafra, Maurício Kubrusli, entre outros, que também vieram cobrir o evento. LEGENDA FOTO - Hermeto Pascoal: "canja" para o "New York Times"
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
12/03/1989

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