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Aramis

O som harmonioso de Zé e Cláudio vem aí

Já houve uma época - lá pela incrementada década de 50 - que o jornalista Simão de Montalverne, fazendo a cobertura da noite carioca para o "Correio de Notícias", era uma das figuras mais populares dos meios musicais do Rio de Janeiro. Simpático, bem informado, bom profissional, Simão marcou época com seu trabalho e conserva daqueles anos dourados sólidas amizades e muitas estórias - algumas das quais, picantes e indiscretas, envolvendo gente famosa (especialmente cantoras e atrizes) que ele, cavalheirescamente, se recusa a comentar para a posteridade. Há quase 20 anos em Curitiba - para onde veio, inicialmente como chefe da sucursal do "Correio de Notícias", passando depois para outras atividades, Simão se orgulha de ser identificado apenas como "o pai de Zé Renato". E realmente, seu corujismo justifica-se. xxx José Renato, 30 anos, é um dos grandes talentos da MPB. Criado em ambiente musical - sua mãe, a bela e afinada Marlene, o embalava ao som das mais bonitas canções - ele aprendeu ainda garoto a tocar violão e cavaquinho, começou a compor aos 13 anos e venceu uma infinidade de festivais de MPB nos colégios em que estudou. Em Curitiba, teve boas parcerias com seu amigo Heitor Valente e, radicando-se no Rio, ali fez parte de vários grupos, entre os quais Cantares e Éramos Felizes, até que ao lado de três outros talentos da mesma geração - Cláudio Nucci, Maurício Maestro e David Tygell - formou o Boca Livre, que em seu primeiro elepê independente arrebentou a boca do balão em termos de vendagem: 100 mil unidades vendidas em pouco mais de um ano. A saída de Claudinho, substituído por Lourenço Baeta, a contratação pela Polygram, marcaram já novas fases do Boca Livre, que, finalmente desfazendo-se, há dois anos, permanece, entretanto como referencial de nossa MPB da virada dos anos 70. Após dois elepês-solo, na Polygram, Zé Renato reencontrou-se, artisticamente, com Claudinho Nucci, outro talento maior ( já com três elepês-solo, um deles, para nós um dos melhores de 1984, Odeon) e, juntos estão agora na CBS, pela qual, há pouco fizeram um belo disco. Feliz no canto e no amor - entre suas ex-mulheres estão a hoje superstar Karla Camuratti, a (excelente) cantora Olívia Byghton e atualmente está casado com a atriz Patrícia Pillar - Zé Renato é um rapaz de alto astral. O reencontro com Claudinho Nucci, outro bem sucedido cantor e amante, foi num momento feliz, em que fazia falta um duo vocal, jovem, afinado e sobretudo cantando músicas que sem deixar de atingir os jovens, traga raízes profundas. Assim, emplacaram sucessos como "Pelo sim, Pelo não" e "A Hora e a Vez" (catipultuadas [lançada] na trilha de "Roque Santeiro"), "Toda Luz", "Papo de Passarim" (da trilha de "Sinhá Moça"), as quais, acrescidas de obras mais recentes - inclusive uma homenagem ao escritor Gabriel Garcia Marques ("Macondo") estão no repertório que vem apresentando em shows que vão do Circo Voador, da lapa, no Rio de Janeiro a Cidade do México (durante as Olimpíadas), estendida depois a uma temporada em Boston, com o guitarrista Pat Metheny, que se entusiasmou com a dupla. Agora, num concerto muito especial, Claudinho e Zé Renato virão a Curitiba para duas apresentações (12 e 13, auditório Bento Munhoz da Rocha Neto), na qual participará a grande revelação instrumental de 1982, Aurea Regina, flautista (e executante de harmônica de boca), que passamos a admirar desde sua primeira aparição acompanhando um dos concorrentes do festival MPB Shell-82, no Teatro Fênix.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
04/09/1986

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