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Aramis

Observatório

Do cineasta Carlos Diégues, datada de 15/4/80, recebemos a seguinte carta: "Prezado Aramis, acabo de ler, com enorme prazer, a série de 3 artigos que V. escreveu sobre o "Bye Bye Brasil" em O ESTADO DO PARANÁ e não posso deixar de lhe revelar a minha emoção e gratidão por tão minuciosa análise do filme. É sempre gratificante ver nosso trabalho compreendido, de maneira tão relevante. Isso anima a gente a se empenhar com entusiasmo no que fazemos, na certeza de que o esforço não é vão. Agradeço a sua generosidade para comigo e para com o filme, ao mesmo tempo que aproveito a oportunidade para lhe explicar que a minha ausência de Curitiba, por ocasião do lançamento do "Bye Bye" aí, não é devida a razões superficiais. Eu também gostaria de aí estar, acompanhar de perto a resposta do público paranaense. Infelizmente, estava, neste período, preparando a versão internacional do filme cuja urgência me obrigou a um trabalho intenso de 12 horas por dia, durante 24 dias. Espero que você transmita essa explicação a todos os amigos curitibanos. Gostaria de um dia poder ir a Curitiba e espero que este dia não esteja muito longe. Enquanto isso, receba o meu abraço e a minha amizade. Sinceramente, Carlos Diégues". Apesar da inflação ter atingido duramente os jornais e revistas - o que mesmo com aumento na venda avulsa e nas tabelas de publicidade, está levando muitos órgãos a cerrarem suas atividades, ainda há muita gente pensando em entrar no mercado. O Partido Popular quer um jornal diário, editado em Brasília, cobertura nacional, na definição do deputado Thales Ramalho, "oposicionista mas não necessariamente partidário". Em Curitiba, o publicitário Bayard Osna já está adquirindo equipamento, no sistema tradicional, para editar um vespertino intitulado "Tribuna do Povo". O ex-deputado Francisco Rodrigues Accioly Neto e o ex-vereador - hoje próspero empresário, Miguel Nasser Filho, estão associados ao empreendimento. Já a "Panorama" vai agora, pela segunda semana as bancas, com novo formato, dentro da linha que Samuel Guimarães da Costa, Divoney Campos e José Cury pretendem manter a esta revista - a mais antiga do Paraná, com periodicidade semanal. "Atenção", após 19 números foi [desativada] por Faruk El Khatib, mas que promete reestruturá-la. Em São Paulo, Carlos Acuio consegue fazer chegar ao número 10 o irreverente "MIcroJornal", formato reduzido, 12 páginas, que pelo seu baixo custo editorial, talvez seja um dos que tem mais possibilidades de sobreviver entre tanta concorrência de leitura. Francisco Graça Moura, antropólogo, professor e escritor, passou pela cidade, há alguns dias, acertando a vinda de um grupo da Associação das Oficinas Comunitárias de Tubarão, para expor seus trabalhos no Centro de Criatividade, Praça Garibaldi e na Praça Osório, de 15 a 23 de maio. Ex-diretor de uma fundação cultural e de desenvolvimento social em Pernambuco, coordenador de projeto de promoção social no Vale da Ribeira, Francisco Graça Moura é agora diretor técnico da Fundação Municipal Para O Desenvolvimento Social e Comunitário, em Tubarão, SC. Na qualidade de técnico em planejamento educacional e desenvolvimento social, tem um curriculum dos mais expressivos, vários livros publicados - o mais recente dos quais é "Teoria do Desenvolvimento de Comunidades" (Edições Ciência e Desenvolvimento, 38 páginas) e, espírito criativo e renovador, vem agora dando sua contribuição a municípios catarinenses, pois além de dirigir a Fumdesco, elaborou o plano de restauração e utilização social e econômica do patrimônio histórico e cultural de Laguna. As oficinas comunitárias implantada em Tubarão, com ajuda da LBA, estão proporcionando oportunidades de trabalho, aperfeiçoamento profissional, melhoria de renda familiar, abrindo perspectiva para a criação e solidificação de um mercado de trabalho potencial. Numa primeira etapa, num atendimento direto a 240 empregados - 20 por oficina - trazem benefícios diretos a 1.200 pessoas. Em menos de um ano, 8 das oficinas já estão funcionando e a partir de dezembro passaram a possibilitar rendimentos aos seus associados, que já participaram da II Feira Catarinense de Artesanato. Não sendo, entretanto, a Fumdesco, entidade [voltada] para a comercialização artesanal, foi criada a Associação das Oficinas Comunitárias de Tubarão que, entre outras finalidades, procurará comercializar a produção de seus associados, paralelamente a administração das unidades, pesquisas e cadastramento dos artesões e, principalmente, dar seqüência, aos projetos iniciados e com tão bons resultados. A realização de uma mostra em Curitiba, em maio, trazendo mil peças do artesanato do Sul catarinense, é um dos primeiros passos práticos deste projeto idealizado por Francisco Graça Moura, e que, tal como no provérbio chinês, busca não dar o peixe a quem tem fome, mas ensina-lo a pescar. Sem demagogia, sem pretender ser "modelo nacional", a Fundação Municipal Para O Desenvolvimento Social e Comunitário, de Tubarão, que tem na presidência o economista Ailton Nazareno Soares e na direção administrativa o sr Angelo Bússolo, criou um programa que merece ao menos ser analisado pelos responsáveis pelas áreas similares de outros municípios. Inclusive em Curitiba, onde se fala muito em problemas sociais, população carente, mas onde um pouco de humildade de quem de direito também não faria mal. Aliás, há 15 anos, o compositor Sérgio Ricardo, já dizia, com sabedoria, numa entrevista: "Antes de tudo é necessário saber ser humilde".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
8
27/04/1980

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