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Aramis

Orlando, o nosso caçador de cores

Boris Cossoy, 48 anos, respeitado como um dos mais importantes pesquisadores da história da fotografia no Brasil (há 9 anos, provou o pioneirismo de Hércules Florence, de Campinas, na invenção da máquina fotográfica em 1833), ficou extasiado com a qualidade das fotografias de Orlando Azevedo, selecionadas para o livro que abre a coleção "Nossa Terra". - "É um trabalho de maturidade", disse Boris, ex-diretor do Museu da Imagem e do Som - São Paulo, autor de seis importantíssimos livros sobre fotografia (o último, "Fotografias e História", será lançado dentro de algumas semanas pela Ática), ao folhear um exemplar na tarde de domingo. Como Boris, por certo milhares de outras pessoas acrescentarão expressões de entusiasmo, admiração e respeito a Orlando Azevedo, que pela segunda vez, em menos de um ano, tem a satisfação de ver suas melhores imagens transformadas num livro de arte. No ano passado, após um parto demorado que se estendeu por longos três anos, saiu "Fitas e Bandeiras Wanski", no qual, registrando o que restou de uma fábrica desativada em Curitiba, produziu um belíssimo livro com edição já esgotada. Nascido na Ilha Terceira / Açores - 40 anos completados no dia 12 de maio, filho de um diplomata português, Orlando tem o rigor de exigir de si mesmo resultado no trabalho que se propõe a executar. Assim fez em sua adolescência, quando como um garoto que amava os Beatles e os Rolling Stones, fez do grupo A Chave o mais organizado conjunto musical da cidade. Também na fotografia - que se dedica profissionalmente há 13 anos - vem acumulando prêmios e distinções não só no Brasil mas também no Exterior. Formando com Vilma Slomp (Paranavaí, 30/09/52), uma espécie de "Casal 20" das imagens, cada um desenvolve seu próprio trabalho fotográfico - embora, profissionalmente, dividam um dos mais conceituados e procurados estúdios de arte fotográfica do Sul. Formado em Direito, preferiu a fotografia publicitária e fotojornalismo, participando de dezenas de coletivas e com seis individuais. Com trabalhos publicados em várias publicações consagradas, verbete da Encyclopedie Internacionale des Photographes (editions Câmera Obscura, Suíça). Com trabalhos já expostos no Centro George Pompidou, em Paris, foi a escolha certa para desenvolver o projeto "Foz do Iguaçu". - "Foi um trabalho árduo, perigoso e arriscado", recorda, ao falar de suas andanças, equipamento nas costas, tripé na mão, embrenhando-se mata a dentro, ao longo do Rio Iguaçu, para encontrar pontos que permitissem os melhores ângulos, inéditos. Foram mais de três mil cliques num material excelente, devidamente arquivado e preservado - e do qual Mirandinha, com toda sua sensibilidade e competência que o fez um dos mestres das artes gráficas no Brasil (e já reconhecido no Exterior) teve dificuldades para selecionar as 158 ilustrações que melhor se adaptassem ao livro. Preocupado sempre com a criação e a obtenção de resultados visualmente perfeitos, Orlando não ficou apenas no deslumbramento pictórico, na imagem do cartão postal para as milhares de fotos produzidas para o projeto que agora ganha a forma de livro. Ao contrário, sem negar a emoção que cenários como os de Foz do Iguaçu oferecem "a qualquer pessoa de sensibilidade", buscou captar os pequenos detalhes - na flora e na fauna, as formas da natureza, a beleza de um arco-íris, a força de uma pedra que se destaca entre as águas - resultando um trabalho que, por certo, vai encantar as pessoas em todo o mundo. Se em "Fitas & Bandeiras Wanski" Orlando dava vida a velhas máquinas abandonadas, pedaços de fitas e bandeiras, agora, no registro colorido da força da natureza, transmite toda uma energia que nasce da Terra e parece clamar aos homens o apelo para que não destruam com o nosso ecossistema. Em suas imagens, Orlando faz um discurso ecológico que vale por mil manifestações, protestos e discursos ao estilo de Gabeira e outros ecologistas políticos de plantão. LEGENDA FOTO - O auto-retrato do fotógrafo: Orlando Azevedo, autor de "Foz do Iguaçu", magnífico livro de arte que abre a coleção "Nossa Terra" do Bamerindus.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
27/09/1989

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