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Aramis

A orquestra e as tosses

Irônico em sua sapiência de música clássica, o engenheiro Eduardo Garcez Duarte, 57 anos, ex-presidente da Pró-Música, aproveitava o intervalo no concerto da Orquestra de Câmara da Rádio e TV Polonesa, segunda-feira, à noite, para indagar a todos que encontrava: - "Que tal, gostaram do "Concerto Brandenburguês nº 3?" Se a resposta fosse afirmativa, Garcez não escondia um sorriso crítico, para informar: - "A abertura do concerto foi com uma "Fantasia" de Mozart..." A peça de Bach foi substituída na programação oficial, distribuída no hall da entrada e como nem todos tem cultura e o conhecimento de Eduardo Garcez Duarte, ouvira Mozart como se fosse Bach... xxx Desta vez, não houve aplausos nos momentos inconvenientes. Prova de que o público que pagou Cz$ 400,00 para conhecer a Orquestra de Câmara da Rádio e TV Polonesa sabe diferenciar um movimento do final de uma obra. Em compensação, a cada intervalo de movimento, ouvia-se uma sinfonia de tosses - prova de que o Inverno antecipou-se da obra de Vivaldi e deu aos curitibanos uma contribuição extra; suficiente para inspirar um compositor de vanguarda a criar uma obra em que as tosses do público possam fazer parte da estrutura harmônica.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
27/08/1987

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