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Os Brandão levam sua música para os suíços

Dizer que já existe uma "colônia" musical de curitibanos na Suíça seria exagero, mas não deixa de ser significativo, que, nestes últimos anos, pelo menos mais de uma dezena de jovens talentosos instrumentistas residiram - ou ainda residem - em centros artísticos daquele país. Atualmente, ali estão oito curitibanos, três de uma mesma família - Brandão. Maria Eunice Brandão, 30 anos, executante de viola de gamba, ali se encontra desde 1982, tendo uma carreira definida com um dos mais respeitados grupos instrumentais da Europa, o "Hesperium 20", já com vários elepês gravados. Casada com o flautista Christopher Eprssam, Eunice acabou influindo, naturalmente, para que suas irmãs fossem para a Suíça - em busca de cursos de alta especialização musical. Maria Alice, 35 anos, violonista, e Maria Zélia, 29, flautista, estão em Bassel, estudando e também trabalhando com músicos - "fazendo o que é possível", como diz Zelinha, em férias curitibanas neste verão. Considerada uma das maiores revelações da flauta, ex-integrante da Camerata Antiqua e da Orquestra de Câmara de Blumenau, Zélia divide seu tempo nos estudos deste instrumento com trabalhos que faz com o violonista brasileiro Menandro. "Tocamos não só clássico, mas o popular, especialmente a Bossa Nova, que sempre agrada", dia a artista curitibana. xxx Três dos outros curitibanos que também estão na Suíça são o cantor lírico Walter Silva (já chegou a participar de várias montagens operísticas), Janete Andrade, executante de oboé, e Carlos Hamush, flautista e que trabalha também como professor. xxx Como Maria Esther, 36 anos, violinista, casada com o também violinista Koite Watanabe, mora em São Paulo e Helinho, 3 [?] anos, saxofonista, reside no Rio de Janeiro, a ampla sala de música de uma das mais agradáveis mansões da cidade, há três anos não consegue ser palco das audições de um dos mais belos grupos musicais que Curitiba possui: a família Brandão. O único dos seis filhos do casal Hélio e Ofélia Brandão que não se profissionalizou musicalmente - engenheiro Renato, 33 anos, trabalha em computação - embora seja também pianista de boa formação, foi também o único a ficar em Curitiba. "Assim, tornou-se cada vez mais difícil reunir a família para fazermos música", diz o médico e professor Hélio Brandão, 67 anos completados em 2 de outubro, lembrando a tradição musical de sua família. Violinista - depois violoncelista - amador, um dos três fundadores da Orquestra Sinfônica do Paraná, o Dr. Hélio casou com uma pianista, Ofélia Moreira, e a música fluiu, normalmente, na vida do casal. Com afetividade, diz o Dr. Hélio: - "Olhe, acho que os nossos filhos aprenderam as notas musicais ao mesmo tempo em que se alfabetizavam". Todas as noites, no acolhedor salão da mansão da família Brandão - um paraíso ecológico, no meio de uma área verde de quase 8.400 metros quadrados na Rua Tapajós, o Dr. Hélio e a esposa Ofélia criaram o belo hábito de, após o jantar, fazer música. Assim, seria natural que as vocações florescessem e virtuoses aparecessem. Um hábito cultural cultivado no passado por várias famílias, especialmente de origem alemã - as tertúlias lítero-musicais - teve nos Brandão um encaminhamento voltado à música dos grandes mestres. Coincidentemente, a existência de outra família extremamente musical - a do arquiteto e violinista Elgson Rodrigues Gomes, com sua esposa, também pianista, e 5 filhos músicos - fez com que, nos anos 70, concertos públicos mostrassem o talento "das famílias que fazem música unidas". Com o crescimento dos filhos, tanto na parte da família do arquiteto Elgson Gomes, como do médico Hélio Brandão, o hábito regular de concertos familiares após o jantar começou a ser interrompido. Afinal, os jovens encontram-se hoje espalhados por vários países (um dos filhos de Elgson, o arquiteto e músico Péricles, é agora professor de computação gráfica numa universidade americana), tornando-se difícil reuniões regulares. LEGENDA FOTO - Zelinha Brandão, flautista curitibana, fazendo música na Suíça.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
09/02/1991

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