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Aramis

Os "cacos" que faltaram para mais humor de Xandu

"Caco" na gíria teatral significa a utilia'cão de piadas , comentários ou mesmo o registro, não constantes do textos original, mas que podem dar o diálogo que o personagem diz uma ataualidade maior, provocando espontâneos risos de platéia. Há artistas que usam e abusam deste recurso - válido quando bem colocado, irritante quando levado ao exagero. No c aso de "Xandu Quaresma" ( auditório Bento Munhoz da Rocha. Hoje 18 e 21 horas ), a utilização de cacos não somente se justifica plenamente como até poder dar uma reciclada para um texto que independente de seus méritos, necessita de uma sacudida para não cair no chavão da monotonia. Infelizmente , neste caso, os cacos são ocasionais , reduzidos - despediçando a chance de ironizar mais o momento politicio que vivemos . Entretanto, quando acontecem a platéia responde de forma espontânea : risos e aplausos. Uma remontagem com maiores recursos de produção que ocorre após 17 anos após a sua estréia no TeaTRO DE Arena, em São Paulo, o texto de Chico de Assis reúne elementos de grande brasillidade: a pequena cidade de interior nordestino , seus personagens tipicos - o delegado , o padre, o marginal simpático, o cangaceiro, o cabo de policia , a jovem donzela, a solteirona. O próprio Chico de Assis , dramaturgo , homem de TV, agitador cultural, que teve imensa aatividade nos anos 60, através do CPC-UNE, voltou-se para o este universo numa trilogia .-" O testamento do Cangaceiro" ( Teatro de Arena. 1961) , " Ripió Lacraia" ( Teatro Nacional de Comédia 1964 ) e " A farsa do cangaceiro com truco e padre " ( Teatro de Arena . 1967 ) - esta agora rebatizada como o nome de seu personagem central , Xandu Quaresma - interpretando tanto quando da montagem origincal como agora, pelo explêndido ator Antonio Fagundes, Chico de Assis afirma que o personagem Xandu de Quaresma foi inspirado no livro " Alexanre e outros heróis " de Graciano Ramos, ms que também representa um resgate para com " Uma divida para com Ariano Suassuna ". No ponto de vista de Alberto Guzik, : Realmente , não há como não perceber á influ^ncia do autor de " O Auto Campedecida"obre Chico de Assis. Filiando-se a Sassuna, recebe também Impressões de toda uma insigne disnastia da comédia . que vem do Plauto até nosso dias , pasando pelo teatro medieval sempre com decididas raizes populares . São textos em que abundam sempre crianças abandonadas, filhos trocados , identidades trocadas, quiprocós causados por mal entendidos verbaais. Em fim, todos os recursos e gags que estes séculos de teatro, bem como o cinema e a televião em nossos dias exploram em profussão , mas que sempre podem ser vistos com o frescor e a surpresa da primeira vez. Justtamente neste aspecto é que " Xandu Quaresma " revela em certos momentos. Aos pretender criar o chamado teatro de repertóio - cuja , um, mesmo grupo apresentar mais de uma peça na temporada que faz em cada cidade - Antonio Fagundes corre um risco calculado : é invevitável que o publico que o aplaudiu no politico , atual e divertidissimo " A Morte Acidental de Anarquista " de Dario Fó, estabeleça comparações - quando são duas respostas diratamente opostas. A paça de Fó é densa e linear , se, perder o humor - enquanto a criação de Chico de Assis , passadas quase duas décadas, não conserva o vigor que possivelmente tinha em 1967 - embora geografia e socialmente o espaço e os personagens imaginados possam terem sem mantido iguais. Com Isto, muitas das pistas soam obvias , parecendo uma colcha de retalhos do humor ( muitas vezes vulgar ) de dominio público . O dramaturgo , engenheiro e acído critico Luis Groff, assistindo, irritado , a estréia, comentava : " Não há nenhuma frase, nenhuma piada que já não seja conhecida: tudo repetição " Exageros a parte, o fato é que " Xandu Quaresma" ainda em suas primeiras ancenações ( estreou em Porto Alegre , há um mês ) , não encontrou o ponto de equilibrio que pode ser atingido, Os elementos nordetinos , a caracterização dos personagens e especialmente a trilha sonora de Beto Strada podem ser melhor trabalhadas para um resultado masi harmonioso. Os cenários e figurinos de J.C. Serroni são funcionais , mas entre a direção de ex-ator Adriano Stuar e Antonio Abujamra ( que realizou " Morte Acidental ... " ) vai uma longa distância. Felizmente , o elenco é seguro não só Fagundes, mas João José Pompeo, Serafim Gonzales , Tá cito Rocha, Sérgio Oliveira, Monalisa Lins, mais Neusa Maria Faro e Walter Breda - espcialmente acrecidos a esta montagem, proposta brasileira de teatro, " Xandu Quaresma " frusta o espectador mais exigente - embora divirta o público que vai ao teatro independente de qualquer apelo doque a popularidade ( merecida ) que Fagundes conseguiu nas telenovelas . Talves com um pouco mais de ensaios e vigor na direção "Xandu Quaresma" não fique tão cinzento em seu humor. LEGENDA FOTO - Um elenco e um texto brasileiro: mas faltou maior vigor na encenação de " Xandu Quaresma ".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
13/05/1984

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