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Aramis

Os caminhos do mundo para o maestro Nobre

Poucos compositores contemporâneos tem uma agenda internacional tão carregada quanto Marlos Nobre, 48 anos, Pernambucano de Recife. Tanto pelas funções que exerce junto a Unesco, como pelo vigor de sua obra, Marlos - primeiro diretor do Instituto Nacional de Música, quando o então ministro Ney Braga, da Educação e Cultura, criou aquele órgão junto a Funarte - tem viajado pelos quatro cantos do planeta. Há algumas semanas, Marlos retornou da Europa onde esteve como vice-presidente do júri internacional do 9º Concurso Internacional de Piano de Santander, na Espanha, ao lado de Nikita Megaloff, Paul Bodura-Skoda, Eugen Stomin e Harold Schocenberg (crítico do "New York Times"). Entre as obras incluídas no concurso constava a "Homenagem a Rubinstein", que Marlos escreveu em 1973. E que emocionou, especialmente, a viúva do pianista, Nola Rubinstein. Convidado pela União de Compositores da União Soviética, Marlos participou, recentemente, em Moscou, do Fórum Internacional para o Desarmamento Nuclear, atuando na comissão de cultura ao lado de Graham Greene, Pollini, Luciano Berio e Novo. O "Pravda" dedicou uma página a entrevista de Marlos, no qual ele analisou a situação do compositor em todo o mundo. Em junho, Marlos foi convidado a visitar a China para presidir o Congresso Internacional de Música Tradicional realizado em Beijing, sob os auspícios da Associação de Músicos da República Popular da China. E as viagens continuarão: de 20 a 25 de outubro integrará o júri do Concurso Internacional de Guitarra de Paris, que inclui entre as obras de repertório dos candidatos a "Homenagem a Villa-Lobos", para violão de sua autoria. Dois dias após o encerramento do concurso em Paris, Marlos, estará em Stutgart, República Federal da Alemanha, para, a convite do Instituto Internacional para Relações Culturais no Exterior, participar do simpósio "Mundos Exóticos e Fantasias Européias". Na ocasião, Marlos apresentará algumas de suas novas obras. De 9 a 14 de novembro - após um breve retorno ao Brasil - Marlos carimba novamente seu passaporte. Será júri do Concurso Internacional de Piano "Tereza Carreño", em Caracas, em cujo repertório inclui-se a sua peça "Tango". xxx Apesar das andanças internacionais, Marlos não pára de compor. O Festival Internacional de Guitarra Esztergom, na Hungria, lhe encomendou uma nova peça para conjunto de violões. Nobre está terminando a obra intitulada "Cithare Chordas Pro Pace", que terá sua estréia ainda em novembro. Um dos mais prestigiosos festivais de música contemporânea em todo o mundo, o Musik Protokoll, em Graz, Áustria, apresenta no dia 24 de outubro, outra importante obra de Marlos: "Sonancias III para dois pianos e 2 percussionistas". Nobre participará neste Festival ao lado de nomes como Penderecki, Globokar, Kagel, Rihm, Donatoni, Kopelent e Holliger. Sua peça, "Sonancias I", para piano e percussão, foi estreada no México no recente Fórum Internacional de Música Nova, interpretada pela Orquestra de Percussão da Unam. O crítico mexicano Aurélio Tello, assim se referiu à obra: "Possivelmente Sonancias I é uma das mais notáveis obras latino-americanas escritas nas últimas décadas, pela precisão e cuidado de sua escritura, a alta dose de expressividade e emotividade e o grande artesanato do compositor, um dos mais notáveis de nosso tempo". No Teatro Nacional de São Carlos, em Lisboa, a soprano sueca Sonja Stenahmmar e o pianista português João Paulo Santos interpretam com grande êxito o ciclo "Três Canções para Canto e Piano" (Maracatu, Teu Nome é Boca de Forno), de Marlos com poemas de Manuel Bandeira. O violonista italiano Piero Bonaguri, a exemplo de grande número de guitarristas internacionais, inclui no repertório de seus concertos em todo o mundo a série de "Momentos" para violão e a Homenagem a Villa-Lobos para o violão de Nobre. A Orquestra de Câmara St. John's Smith, de Londres, apresentará em abril de 1988 um programa inteiramente dedicado à obra que Marlos escreveu para orquestra de cordas. O concerto será em Londres e o compositor foi convidado a reger a apresentação. Já o Duo Contemporâneo da Holanda, formado por um clarinetista e um percussionista, encomendou-lhe uma obra para a tourné internacional que fará nos EUA/Europa em 1988.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
13/10/1987

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