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Aramis

Os destaques para os melhores curtas

Não foi fácil ao júri formado pelos cineastas João Carlos Velho (Rio de Janeiro, realizador de "A Última Canção do Beco", premiado no I Festival de Fortaleza, há dois anos); Liloy Bouble (de Brasília); Maria da Graça Cenna (ex-CONCINE, agora na Globotec), documentarista; Joy Pimentel, de Fortaleza; jornalistas Nilton Venâncio, Firmino Holanda (d'"O Povo"), e Eduardo Magalhães ("Isto É"), escolher os premiados para os troféus Abrão Benjamin. A qualidade dos curtas em competição tanto os de 16mm como os de 35mm - era muito boa e inexistindo premiações aos longos, o interesse pelos resultados desta categoria (normalmente marginalizada nos grades festivais) era grande. A premiação dupla de "A Classe Roceira" - tanto do júri oficial (acima mencionado), como do troféu Samburá (por outro júri, formado só por cearenses), provou que o filme de 25 minutos que Berenice Mendes rodou no Sudoeste do Paraná, em setembro de 1985, sobre os sem-terras, conserva imensa atualidade. Focalizando os agricultores que buscam seus direitos, "A Classe Roceira" já teve inúmeras projeções no circuito alternativo e, no ano passado, foi levado a Gramado, de onde poderia ter saído com uma premiação se não houvesse boicote por parte de um dos membros do júri. Agora, finalmente, se fez justiça e Berenice Mendes e sua produtora executiva, Lu Ranulfo, saíram de Fortaleza consagradas com a premiação e desde ontem estão em São Paulo, participando do II Encontro Nacional de Cineastas. Quando retornarem à Curitiba, revigoradas com a premiação, empenham-se na pré-produção de "O Drama da Fazenda Fortaleza", cujo roteiro já foi concluído por Valêncio Xavier, a partir do romance do professor David Carneiro. xxx Enquanto "A Classe Roceira" era premiada na categoria de 16mm, o curta de Flávio R. Tambeline, "Tim Maia", ganhava na categoria de 35mm, sincero e bem humorado, este curta sobre o irascível cantor foi também dos mais aplaudidos pelo público do Cine São Luiz. Considerando a qualidade dos filmes curtas em competição, o júri foi pródigo na concessão de menções honrosas: "Evocações... Nelson Ferreira", de Flávio Morais (Pernambuco), sobre o grande maestro e compositor pernambucano; "Obscenidades", do gaúcho Roberto Henkin a partir de um conto de Ignácio de Loyola; "Queremos as Ondas do Ar", de Tata Amaral, sobre as rádios piratas; o desenho "Quem Matou Elias Zi", de Murilo Santos - sobre a morte de um líder rural no interior do Maranhão e "Fibra", de Fernando Beléns, sobre os mutilados na colheita do sisal. O filme de animação "Treiller", dos gaúchos Otto Guerra e Lancaster Mota, recebeu além de menção honrosa, o prêmio do júri popular. Nas demais categorias as premiações foram para a trilha sonora de outro filme de animação ("Evoluz", do cearense José Rodrigues Neto); montagem para Aida Marques por "Damas da Noite", da carioca Sandra Werneck sobre prostituição de menores; fotografia para Jacques Chemiac por "Brasiliários"; Julia Lemmertz como melhor atriz por "Mal Star" do carioca Pedro Nanni e Jorge Odara, com melhor ator por "Joilson Marcou", de Hilda Machado, escolhida como melhor diretora. "Rio de Memórias", média-metragem de José Ignácio Parente - belíssimo documentário construído exclusivamente sobre fotografias do Rio Antigo - ganhou o prêmio de melhor pesquisa e o troféu "Arruanda", da Associação Brasileira de Documentaristas. Filmes belos e marcantes que, se espera, agora cheguem as telas de todo o País, através da obrigatoriedade de projeção de curtas nos cinemas das cidades com mais de 200 mil habitantes. O que será assunto para posterior comentário, que hoje o espaço acabou.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
11/08/1987

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