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Aramis

Os filmes do mercado (I) - Até o cinema turco veio para fazer bons negócios

Na mostra competitiva do FestRio tem chegado filmes de países distantes - totalmente desconhecidos no Brasil. Se este ano o Egito e a Índia estiveram ausentes, houve a agradável surpresa da Turquia, muito bem representada por um filme moderno, numa crítica sutil a publicidade e a televisão: "Oh Belinda!", de Atif Yilmaz - que no último FilmFestspiele, em Berlim, havia sido apresentado na mostra Panorama 87. O filme é sobre Serap, uma jovem atriz dotada de vivacidade e cativante personalidade, mas com especial repulsa pelos valores da classe média. É convidada para estrelar um comercial de TV anunciando uma nova marca de shampoo, "Belinda". O seu papel: representar uma típica dona-de-casa chamada Naciye. Durante uma das sessões de ensaio, Serap percebe, assustada, que o cenário desapareceu, a equipe que produzia o comercial não está mais lá e todo o previsto no roteiro torna-se real. Agora ela é Naciye, típica dona-de-casa classe média. Ninguém mais a reconhece como Serap e, o que é pior, sua suposta família, a do comercial, trata-a como se tudo fosse apenas uma crise de depressão, o que a leva ao desespero. O diretor, Atif Yilmaz, 52 anos, da chamada "Geração de Cineastas" dos anos 50, também crítico de cinema, autor de mais de 20 filmes a partir de 1951 com "Mezarimi Tastan Oyum", criou um clima em que realidade e fantasia se mesclam, numa sátira ao consumismo, a publicidade e a televisão. No elenco, intérpretes surpreendentes - como Mujde Ar, Macit Koper, Yilmaz Zafer e Guzin Ozipek. A participação de `"Oh Belinda!" na competição, animou a Odak Film, da Turquia, a montar um stand no mercado e mostrar, em vídeo, outras produções do jovem cinema turco, conseguindo inclusive interessar alguns distribuidores brasileiros - surpreendidos pelas comédias e bom humor dos filmes mostrados nos vídeos. Por exemplo, do mesmo diretor Atif Yilmaz, foi mostrado "Vasifiye Is Her Name", produção do ano passado, vencedora do Istambul Filmdays, em 1986. A história de um escritor angustiado pela falta de inspiração - e o encontro com uma cantora, Sevim Suna, possibilita o desenvolvimento de um roteiro com bom ritmo, música original de Atilla Ozdemiroglu e a fotografia de Orhan Oguz captando cenários de Istambul - raramente vistos na tela em nosso País. Outros filmes como "Beyaz Bisiklet" e "Kuyucakli Yusuf", também produções recentes da Turquia, chegaram ao mercado. Se os produtores de um país cuja cinematografia só agora começa a sair para festivais no Exterior, acreditaram no FestRio e investiram na compra de um boxe para promover seus filmes, é prova de que os "patrícios" que há mais de 100 anos vivem no nosso País já podem garantir um público potencial para estas novas imagens do cinema daquele país. LEGENDA FOTO: Enquanto "Oh Belinda!" concorria, outro filme do mesmo diretor, Atif Yilmaz, vencedor do Istambul Filmdays, em 1986 - "Wafiye is Her Name", era mostrado no mercado de vendas.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
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02/12/1987
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