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Aramis

Os filmes esquecidos que a Republic está trazendo

Alexandre Adamiu, um dos tycoons da cinematografia paulista, com uma rede de cinemas que se espalha por vários Estados - em Curitiba, possui o Palace Itália e, associado a Vitória (grupo Zonari) o Ruy Barbosa (que a Fucucu pretende se apossar em junho próximo), é uma personalidade surpreendente. Com grande visão empresarial, a exemplo do que, nos anos 60 aconteceu com o italiano Arnaldo Zonari (Fama Filmes) e o espanhol Verde Martines (Condor), tem sabido comprar filmes de grande bilheteria. Independente dos méritos artísticos, Alex tem lançado pela sua Paris Filmes filmes de terror, lutas marciais, corridas etc. que faturam altíssimas somas. Entretanto, através da distribuidora em vídeo, ao lado da produção comercial, tem também feito edições de filmes que podem ser catalogados como obras-de-arte, ou ao menos de reduzido apelo comercial. Tanto é que como Herbert Richers desistiu de continuar na distribuição - preferindo os altíssimos lucros que seu estúdio de dublagem garante - Adamiu assumiu o catálogo da Republic Pictures. E através desta marca - que tem como logotipo uma águia, lembrando o Condor da distribuidora do Verde Martines (por sinal, também entrando no mercado), mensalmente tem chegado as locadoras não só produções da própria Republic Pictures, um estúdio classe b que Herbert J. Yates dirigiu com garra por mais de duas décadas, mas também filmes de outras produtoras - cujos direitos - sabe-se lá como - foram negociados pela Republic. Os fãs de John Wayne (1907-1979), como aqui registramos há algumas semanas é que devem estar satisfeitos: filmes de várias fases do ator-machão por excelência estão saindo em boas cópias na série "Hollywood Stars". É o caso de "Fugitivos do Terror" (Three Faces West, 1940, de Bernard Vorhaus), cuja ação se passa durante a II Guerra Mundial. Wayne é John Philip, um notável guia americano de uma família austríaca no Oregon. A família - um cirurgião (Charles Coburn) e sua filha (Sigrid Gurie), refugiados do nazismo, deseja integrar-se numa comunidade no deserto. Leni, a filha, está apaixonado por Eric (Joseph Schidkraut), o soldado que ajudou-a e a seu pai a escaparem do campo de concentração nazista, mas, naturalmente, a história, se transforma no final. Filme menor, de um diretor de pouca expressão, teve, entretanto, fotografia de um cameraman competente (John Alton) e música do mesmo Victor Young. Sam Woods (1883-1949), inglês que faria carreira nos EUA, onde chegou atraído pela corrida de ouro na Califórnia, trabalhou com Cecil de Mille, era um radical da direita que apoiou o [MacCarthisno]. Mas como cineasta, a partir de 1919, realizou uma extensa obra, em diferentes gêneros, com alguns filmes até hoje valorizados como a comédia "Uma Noite na Ópera" (35, considerado um clássico com os irmãos Marx) os [sensíveis] "Adeus, Mr Chips" (39), "Em Cada Coração, Um Pecado" (Kings Row, 42) - constantemente reprisado na televisão; "Por Quem Os Sinos Dobram" (43, talvez uma das melhores adaptações da obra de Shakespeare) e chegando em atividades até os anos 60. Em 1941, realizou uma sátira ao mundo dos executivos bem sucedidos em "O Diabo e a Mulher", cujo título original - "The Devil And Miss Jones" seria aproveitado no final dos anos 60 no primeiro clássico-pornô, que lançou Linda Lovelace. Com Jean Arthur - uma notável atriz, pouco lembrada embora em 1953 tenha feito o clássico "Os Brutos Também Amam", em sua juvenil beleza, Robert Cummings e o já veterano Charles Coburn, esta é uma comédia interessante, que 51 anos depois conserva um certo frescor nostálgico. Outro filme [esquecido] que a Paris trouxe agora para as locadoras é "Um Amor Proibido" (Flame Of The Island), que em 1955 - ano brabo da perseguição [mac Carthista] - reuniu um dos atores mais visados pelos caçadores de bruxas, Howard Duff, com uma sex symboll da época - a morena Yovone de Carlo (que, sete anos depois, já em decadência, faria uma excursão pela América do Sul, apresentando-se então no Guiarão, ainda em obras). Zachary Scott, ator mais identificado a westerns "b" da época era o terceiro nome de "Um Amor [Proibido]", dirigido por Edward Ludwig - cuja trama (do roteirista Bruce Manning) envolvia uma bela e ambiciosa relações públicas (na época a profissão era ainda novidade) que tentava colocar a mão na fortuna de uma cliente multimilionária, procurando convencer a viúva de que ela era a "outra" na vida do falecido marido. Parece, hoje, estória para telenovela da Globo no horário das 20h - mas, para quem tenha tempo, vale checar e comparar. Sem maiores compromissos. FOTO
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
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Vídeo
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19/04/1992

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