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Aramis

Os Homens & Os Fatos

O historiador Júlio Estrela Moreira, 75 anos, convocou para às 16,30 horas de hoje, em sua residência na Rua Brigadeiro Franco, alguns amigos para uma solenidade Inédita entre nós; perante um cartorário, designará uma comissão de três pessoas de sua absoluta confiança, de alto nível intelectual, a quem caberá uma grande responsabilidade após sua morte: decidir qual(is) a(s) entidade(s) cultural(is) que receberão a notável biblioteca paranista e acervo reunido pelo historiador ao longo de cinco décadas de sua vida. Autor de dezenas de livros de história e científicos (é médico e dentista, professor aposentado da Universidade Federal), pesquisador e historiador, ex-diretor do Museu Paranaense, Júlio Moreira tem mais de 3 mil preciosos volumes, entre livros de autores paranaenses ou obras que se referem a nosso Estado. Durante anos editor dos Archivos da Câmara Municipal, obra interrompida há 14 anos e que já deveria ter merecido maior atenção de nossas autoridades, atualmente o professor Júlio tem vários trabalhos inéditos, inclusive a "História dos Caminhos do Paraná", em 4 volumes, à espera de edição (apesar da Secretaria dos Transportes já ter aprovado uma verba de Cr$ 30 mil. Temendo que sua biblioteca venha a se perder - como aconteceu com a de seu colega, Adyr Guimarães (1900-1968), vendida por sua viúva a Universidade de Camberra, Austrália, o professor Júlio recusou duas tentadoras propostas de compra por parte de particulares, justificando: - De que me adiantaria agora trocar todo o meu trabalho por um monte de notas. Prefiro que muitos usem a minha biblioteca, do que alguns poucos. xxx Miles Davis, 48 anos, surpreendeu os espectadores que compareceram sexta-feira, no Teatro Municipal em São Paulo, para assistir ao seu segundo concerto na capital paulista: simplesmente não apareceu, enquanto a idosa diretora daquela casa, dona Jessia Teixeira Porto, dava a irritados espectadores a "furada" explicação de que "o músico teve uma intoxicação". No sábado, perante um público heterogêneo, o pistonista mostrou sua criatividade num espetáculo duro e sem concessões a quem esperava ouvir o jazz melodioso do Miles-50, em sua fase de trabalho com o arranjador Gil Evans. Praticamente sem olhar para o público que havia pago Cr$ 100,00 para ficar nas primeiras filas, fez longos solos, não só no pistão mas também no órgão Yamaha, enquanto seus seis colegas - todos excelentes instrumentistas - tinham também oportunidade de mostrar toda a potencialidade de seus instrumentos. Apesar de toda a parafernália eletrônica - o que provocou alguns ruídos extra-programa - o concerto de Davis confirmou, antes de tudo, que ele é um músico inquieto, em busca de novos caminhos. Apesar do destaque ao setor de percussão e de nos EUA ter trabalhado com o guarapuavano Airto Guimorvan Moreira e o alagoano Hermeto Paschoal, nesta temporada no Brasil, não incluiu nenhum tema que lembrasse a nossa música. Nem aqueles que se apropriou há 2 anos de Paschoal como o belíssimo "Little Church", gravado em seu último lp editado entre nós ("Pop Miles", CBS, abril/74). LEGENDA FOTO 1 - Júlio LEGENDA FOTO 2 - Miles
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Panorama
4
04/06/1974

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