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Aramis

Os livros do Paraná (I)

A professora Cassiana Lúcia Lacerda Carolo tinha razões de sobra para estar feliz na manhã de ontem, quando José Cândido de Carvalho e Roberto Parreiras, diretores presidente e executivo da Funarte, mais o governador Ney Braga inauguraram o escritório local daquela instituição cultural. Afinal, paralelamente ao evento, que representa a implantação local das atividades da fundação Nacional das Artes, criadas por Ney, há 5 anos, quando no Ministério da Educação e Cultura, ocorria também o lançamento de quatro dos doze títulos que mostram o interesse em se dar maior apoio ao setor editorial. A Obra Reunida de Emílio de Menezes, "O Dezenove de Dezembro"; ano II, 1855, "Antonina dos meus dias", de Eduardo Nascimento e "O Jasmim", 1857, representam importantes contribuições para que se conheça melhor as coisas do nosso Estado, de memória tão frágil em todos os sentidos. Seis outros livros, incluindo duas teses universitárias e a reedição do "Álbum do Paraná", não ficaram prontos a tempo, mas até o final do ano serão entregues. Mesmo a edição do segundo volume de "O Dezenove de Dezembro" só teve alguns exemplares concluídos para o lançamento, devendo a totalidade da tiragem - mil unidades - ser entregue na próxima semana. xxx Há menos de dois anos, quando foi convidada para dirigir o setor de editoração da Secretaria da Cultura, Cassiana Lacerda levava planos bem definidos. Afinal, apesar de sua juventude, há muitos anos vem estudando a área e, em suas demoradas pesquisas para a elaboração de sua tese de doutorado (O Simbolismo no Paraná), se deparou com a pobreza de documentos, coleções, livros, etc. Em compensação, descobriu onde existiam os raros exemplares, conversou com doutos colecionadores, professores, estudiosos e reuniu um acervo que lhe possibilitou, em pouco tempo montar um programa de trabalho que, se houvesse recursos suficientes, lhe permitiria fazer dois lançamentos por mês. À sua juventude e dedicação, somaram-se a experiência e conhecimento da comissão de editoração, contando entre outros, com os professores Cecília Maria Westphalem, Newton Carneiro, mais Eduardo Virmond e Aldo Almeida. Se durante anos temos insistido em nossas colunas sobre a importância de se dar apoio à área editorial - considerando que os lançamentos que se fazem permanecem como documentos e registros de uma época, não se poderia, agora, deixar de elogiar o esforço que se faz em reeditar, por exemplo "O Dezenove de Dezembro", primeiro jornal do Paraná, e do qual não restou nenhuma coleção completa. Já microfilmado, aparece em edições fac-similadas: no ano passado, com introdução da professora Lucia Camargo (que conclui tese a respeito), tivemos o volume referente ao ano de 1854. Agora, saiu o volume 1855, havendo previsões de se dar continuidade ao trabalho de reedição deste jornal, impresso pela tipografia Paranaense, de Cândido Martins Lopes, e que ao circular a 1º de abril de 1854, inaugurava a atividade gráfica e o periodismo no Paraná. Devido ao seu caráter de periódico oficioso, teve a maior parte de seu espaço reservado à divulgação dos atos oficiais do primeiro governo provincial, além das seções de "Variedades", "Publicações a pedido" e "Anúncios". O ano II, que agora pode ser estudado calmamente, através de sua edição num volume de excelente encadernação, mantém a mesma linha editorial, constituindo uma fonte básica da historiografia paranaense, já que proporciona material valioso para uma visão sócio-cultural de uma época totalmente carente no que se refere a órgãos de divulgação. xxx A "Obra Reunida" de Emílio de Menezes (1866-1918), por sua importância, merece um registro à parte, que faremos na edição de amanhã, bem como da reedição, em fac-simile, de "O Jasmim", periódico literário e recreativo, impresso também na Tipografia de Cândido Lopes, que circulou a partir de 20 de setembro de 1857. Junto com a reedição de "O Jasmim", saiu a novela "Aricó e Caocohée - Uma voz no deserto", de João Henrique Elliott. Para não ficar apenas no passado, também saiu agora "Antonina dos Meus Dias", de Eduardo Nascimento. Com belas fotografias de sua cidade, Eduardo Nascimento realizou um álbum onde transmite "a Antonina de todos os dias, de todos os tempos", na definição de Cleto de Assis, secretário da Comunicação Social, Capelista por adoção. E que, no prefácio, faz um apelo "Quem quiser ver nas fotos de Eduardo um libelo em preto e branco contra a falta de atenção sofrida, durante muito tempo, por Antonia, qual assim veja. Mas, por favor, em nome de todos os antoninenses ali nascidos e em nome de todos os que compreendem e querem bem aquela terra, não se preocupem com o futuro de progresso de Antonina. A cidade da capela de N.S. do Pilar quer apenas um trabalho digno para seus filhos. Quer poder conservar o pouco que ainda existe no seu passado ilustre, de onde vem a tradição já quase esquecida de festas e de cardápios, do pouco de folclore colonial que o Paraná guardou".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
8
20/12/1980
a OBRA QUE EU QUERO REEDITAR ESTÁ SE ACABANDO NO TEMPO,QUAIS OS PROCEDIMENTOS QUE DEVO FAZER PARA REALIZAR ESSE SONHO?ALÉM DA REEDIÇÃO QUERO TAMBÉM,FAZER UM CANTINHO QUE AS PESSOAS PAREM E LEMBREM DELE.

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