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Aramis

Os mais belos versos da música brasileira

Há exatamente 20 anos, aqui mesmo em "O Estado do Paraná", incluímos por vários meses uma seção na qual publicamos centenas de opiniões a respeito de "quais os mais belos versos da música popular brasileira?" Pessoas das mais diferentes (in)formações, idades, categorias sociais e econômicas, profissões diversas, foram ouvidas na simplicidade do gosto pessoal, sobre aqueles versos que, na opinião de cada um, traduzem os mais belos momentos da poesia em nosso cancioneiro. Foram opiniões diversificadas e que refletiram um pouco de como as pessoas retém a poética popular. No final, um balanço apontou, em primeiro lugar - como a estrofe mais citada, o Clássico de Orestes Barbosa (1893-1966), "Chão de Estrelas", que, há exatamente 50 anos passados, era musicado por Silvio Caldas - seu intérprete símbolo. "Nossas roupas comuns dependuradas Na corda, qual bandeiras agitadas Pareciam um estranho festival: Festa dos nossos trapos coloridos, A mostrar que nos morros malvestidos É sempre feriado nacional; A porta do barraco era sem trinco Mas a luz, furando o nosso zinco, Salpicava de estrelas nosso chão... Tu pisavas nos astros distraída, Sem saber que a ventura desta vida é a cabrocha, o luar e o violão..." Passadas cinco décadas da primeira gravação de "Chão de Estrelas" - e vinte anos após a nossa pesquisa, será que os versos de Orestes Barbosa continuam ainda os mais belos da MPB? Eis uma pergunta que muitos fazem. E pela insistência de amigos e leitores, cabe uma nova pesquisa. Que mesmo repetindo, talvez, muitas das opiniões já sedimentadas, mostrará um pouco do lirismo de nossa MPB. Afinal, quando a música perde a poesia frente ao barulho, a eletricidade, em um comercialismo cada vez maior e compositores se preocupam com o comercialismo rentável mas descartável, é importante buscar onde está a poesia que permanece. Aquele lirismo que vem emoldurado em notas musicais e que sobrevive independente da gravação. Enfim, poesia que fica em sua forma simples, numa frase, num refrão, numa estrofe - e que adquire a força da verdade consagrada pelo povo - chegando mesmo a filosofia popular. Assim, sem critérios maiores do que a sensibilidade de cada um, em nossa página-coluna, regularmente - mas sem obrigatoriedade de ser diária, haverá as opiniões sobre "qual(is) o(s) verso(s) mais belos da MPB?". Espaço aberto aos leitores, que poderão também enviar suas opiniões. Para começar, hoje, a opinião de um compositor, letrista, autor de músicas belíssimas - embora pouco conhecido ainda. É Cau Pimentel (Luís Ricardo Gama Pimentel), 37 anos, paulista, profissionalmente advogado, mas que faz da música a razão maior de sua vida. Para Cau, os mais belos versos da MPB estão na simplicidade de duas linhas de uma obra-prima de Chico Buarque de Holanda" "... Se na bagunça do teu coração meu sangue errou de veia e se perdeu..." (Eu Te Amo).
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
12/08/1987

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