Os roteiristas e seu trabalho
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 13 de outubro de 1987
Não é comum a possibilidade de reunir cineastas-roteiristas que, nestes últimos anos apresentaram trabalhos do vigor de "Sargento Getúlio" (do romance de João Ubaldo) e "Fronteiras das Almas" (exibido na terça-feira, 6, Lido I) como Hermano Penna; Pedro Jorge de Castro, que levou a tela um dos mais belos contos de Herman Lima ("Tigipió"); Jorge Duran, que antes de fazer o seu primeiro e elogiado longa "A Cor de Seu Destino" (em exibição no cine Ritz, 2ª semana) já vinha, há 12 anos, trabalhando como roteirista no Brasil; a crítica Pola Vartuck, de "O Estado de São Paulo" e nome de maior respeito no cinema brasileiro - além de Valêncio Xavier, homem de TV, roteirista, diretor de filmes e programas de televisão.
Portanto, o encontro destes profissionais - mais a participação da professora Cassiana Licia Lacerda Carolo, da cadeira de Literatura Brasileira da UFP - sempre preocupada em estudar o relacionamento da literatura e cinema fez com que a mesa-redonda sobre a literatura e o roteiro no cinema brasileiro, adquirisse especial significado.
Dentro dos critérios de buscar pessoas da maior expressividade cultural e profissional - e não apenas aqueles que pretendem o escândalo, a autopromoção e o culto a personalidade - fez com que as mesas-redondas paralelas a Mostra do Cinema Latino-Americano atingissem ótimo nível.
A troca de idéias, depoimentos de cada um dos participantes sobre os trabalhos desenvolvidos, o enfoque sobre o processo de transposição em imagens de um texto literário, a criação dos personagens, o real e o imaginário, a comunicação, conseguida com o espectador (público), a ideologia da proposta - enfim, inúmeros aspectos enriquecedores da apreciação de um filme - fizeram a primeira mesa redonda atingir seus objetivos.
Para que colocações tão importantes, feitas de forma clara e didática, não se percam apenas no rápido registro jornalístico, o secretário René Dotti, prometeu a edição dos anais não só da mesa-redonda sobre literatura e roteiro, mas também as de música e imprensa no cinema, realizadas na quarta e sexta-feira.
Em breve, em edições com o selo da Secretaria da Cultura do Paraná/Governo Álvaro Dias, ao menos os resultados destes eventos paralelos permanecerão como documentação e divulgação de uma realização que buscou robustecer que a Mostra do Cinema Latino-Americano não ficasse apenas na projeção de filmes.
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