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Aramis

Os sonhos possíveis de Lerner para diversão dos curitibanos

"E assim adormece esse homem que nunca precisa dormir Pra sonhar Porque não há sonho mais lindo Do que sua terra Não há" ("João Valentão", Dorival Caymmi, 1953). Como o personagem de uma das mais bonitas canções de Dorival Caymmi, "João Valentão", o arquiteto Jaime Lerner, 54 anos, é uma das pessoas iluminadas que não precisa dormir para sonhar. Afinal, como um dos raros administradores que, por três vezes num período de apenas 20 anos, se tornou o dono do poder municipal, Lerner tem transformado em realidade muitos projetos que, para milhares de pessoas seriam apenas sonhos impossíveis - ou ao menos dificílimos de concretizar. Este aspecto de sua biografia (ainda a ser escrita) pode encontrar inúmeros exemplos - desde a transformação da Rua XV de Novembro em Rua das Flores até o bonde urbano que, atualmente, é - com razão - questionado por vereadores e lideranças expressivas da comunidade. Fã de espetáculos da Broadway - que não abre mão em suas viagens regulares a Nova Iorque, como a que fez neste fim de semana, após sua participação no encontro de prefeitos no Canadá e também apreciador dos filmes americanos e europeus, além de entender a importância de ter bons vínculos com todos os setores da vida cultural, Lerner tem dado especial ênfase a programação artística da cidade, apesar de, ele próprio reconhecer, os aborrecimentos que a atual diretoria da Fucucu lhe trouxeram nesta administração - ao contrário do que ocorreu nas duas gestões passadas. Portanto, para Lerner - que exatamente nove meses após ter sido levado pelo então governador Haroldo Leon Peres para a Prefeitura, em 1971, inaugurava o Teatro Paiol - marco e símbolo de sua atuação cultural - natural que hoje, na rampa de lançamento para chegar ao Palácio Iguaçu dentro de 3 anos, priorize investimentos em tudo que se relacione ao lazer, entretenimento e opções para a população curitibana usar o seu tempo livre. Se o conjunto da Pedreira Paulo Leminski e da Ópera de Arama surgem como uma versão tupiniquim do "Hollywood Bowl", a idéia que o persegue agora é a de convencer a Caixa Econômica Federal permitir que a Prefeitura transforme a hoje abandonada sede dos Associados ("Diário do Paraná", "TV Paraná") no alto das Mercês num Lincoln Center (*). Mesmo sem qualquer sinal verde da União em termos de negociação para a área, não custa fazer um projeto e portanto o jovem João Guilherme Ficinski, 30 anos, primogênito de Lubomir - autor do projeto original daquele espaço que se transformou em elefante branco, já está trabalhando. Outros 3 arquitetos, Rafael Dely, Fernando Pop e Aurélio Sant'Anna concluíram há meses o projeto para um teatro municipal na Praça Osório, no térreo de uma torre de 25 andares que também só se viabilizará se a Caixa Econômica Federal decidir dar a loteria esportiva da boa vontade para os projetos de Lerner. Abraão Assad, 51 anos a serem comemorados no próximo dia 25 de setembro, voltando a trabalhar sobre o projeto de restauração da Rua das Flores - para o qual concebeu o mobiliário urbano - vem detalhando uma proposta também digna de figurar em sonhos: transformar o cruzamento da Rua da Flores com a Dr. Murici, numa passagem subterrânea de 100 metros de comprimento e utilizando a largura possível de 130 metros para, como numa máquina do tempo, recriar o casario e o cenário da época feliz em que ali existiam estabelecimentos como o saudoso restaurante Paraná. A idéia é originalíssima e já ganhou um nome: "Rua do Inverno". A Rua 24 Horas - outro projeto desenvolvido por Abraão Assad - este já realidade, inaugura no próximo dia 12 de setembro, embora até agora nenhum dos lojistas que ali se instalarão, tivesse iniciado os trabalhos de decoração de seus estabelecimentos. Mas como a inauguração já foi adiada por três vezes, agora deve acontecer. Chova ou faça sol! Nota (*) O Lincoln Center é um conjunto de auditórios, museus, centros de pesquisas, etc., na ilha de Manhattan (Nova Iorque) - mantido por poderosas fundações. Ali acontecem as maiores estréias artísticas. Compará-lo ao que se possa fazer no hoje abandonado espaço que foi sede da TV Paraná por alguns anos (agora utilizado como depósito de móveis antigos da Caixa Econômica Federal) não deixa de ser uma pretensão - embora haja quem acredite que ali poderá ser instalado o Museu Paranaense (com o que o Estado não concordará), junto a novos auditórios, salas de projeção, etc.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
01/09/1991

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