Os velhos romances com os seus velhos leitores
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 20 de fevereiro de 1987
Há autores que, sem pretensão, permanecem com leitores fiéis. Apesar de terem sido acadêmicos em suas épocas, com histórias tradicionais, encontram sempre um público interessado. Dois exemplos: Anatole France e A. J. Cronin, que continuam a ser reeditados no Brasil.
Assim, de Anatole (François Thibault) France (Paris, 1844 - La Bechelerie, 1924), a Difel - Difusão Européia, já relançou no Brasil, em boas traduções os volumes que compõem a chamada "História Contemporânea", com os romances "A Sombra do Olmo", "O Manequim de Vime", "O Anel de Ametista" e "Monsieur Berget em Paris". Quatro outros volumes trazem a ficção e contos de Anatole, Prêmio Nobel de Literatura em 1921: "A Ilha dos Pinguins", "Pierre Noziére", "O Poço de Santa Clara" e "A Justiça dos Homens".
Na coleção "História Contemporânea", anatole France recompõe toda a vida de um grande centro de província francesa e, ainda, na região campesina que a rodeia, sem deixar de alcançar também Paris.
Outro romancista que deixou uma obra numerosa e que continua a encontrar leitores foi o inglês A. J. Cronin (1896-1981), de que a Record vem reeditando todos os seus títulos. Depois de "A Cidadela", "O Castelo do Homem Sem Alma" e "As Chaves do Reino" - que foram levadas inclusive ao cinema - temos "Médico de Aldeia" e "A Neve Apaga Tudo". Nestes romances pode-se apreciar toda a maestria de Cronin em contar histórias que valorizam os mais nobres sentimentos humanos. Enfim, escritores da forma antiga que emocionam ainda leitores. Ainda bem!
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BALCÃO DE OFERTAS
Um dos lançamentos mais agradáveis da Companhia das Letras é "Garotos da Fuzarca" reunindo quinze histórias de Ivan lessa, que fazendo jus ao sobrenome (é filho da famosa Elsie Lessa) tem se revelado um excelente cronista. Ivan Lessa sempre surpreende: com a sordidez irreverente de Edésio Tavares, seu principal personagem cômico, ou com os emocionantes contos ambientados no Rio de Janeiro dos anos 40, recuperado pela sua imaginação. Em outras histórias, ele mostra a mesma inventividade. Uma leitura deliciosa.
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Várias editoras têm lançado os textos do checo Franz Kafka no Brasil. Afinal, a obra deste cronista do absurdo é das mais fascinantes e alcança sempre muitos leitores. A Brasiliense reúne num volume "O Veredicto" (escrito por Kafka na noite de 22 de setembro de 1912) e "Na Colônia Penal", produzida em 1914, a partir da obra pornográfica sádico-anarquista "Le Jardin de Suplices", de Octave Mirabeau. Apesar de separadas por dois anos, as duas obras, segundo as palavras do próprio Kafka, possuíam "uma ligação secreta". A tradução é de Modesto Carone, diretamene do alemão.
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A Marco Zero ingressando na área do best-seller com a coleção "Harold Hobins Apresenta". Assim lança o romance "Um Pedaço do Céu", de Adrien Lloyd (248 páginas, Cz$ 159,00), cuja ação se passa no mundo imobiliário de Nova Iorque. Nesta série de best-sellers selecionados por Robbins a Marco Zero já colocou no Brasil os romances "A Guerra do Software", de Carl Furst, "Céu Azul", de Sam Stewart e "Poder Total", de Michael Donovan.
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Também é a Marco Zero quem publica "O Último Diamante", de Gerald Browne (368 páginas, Cz$ 159,00), com ação em Londres, onde existe a concentração do mercado de diamantes. O autor Browne, de quem a Marco Zero já lançou "O Contrabando de Esmeraldas" e seus livros já venderam mais de dois milhões de exemplares nos EUA.
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Única editora que vem publicando a moderna literatura israelense, em traduções diretas do hebraico, a Summus apresenta agora duas novelas de Aharon Appelfeldt: "Bandenheim 1939" e "Tzili" (160 páginas, Cz$ 80,00). Nascido na Romênia, Appelfeld teve sua infância marcada pela II Guerra Mundial e estas duas novelas refletem a vivência da perseguição aos judeus na Europa Oriental ocupada pelas tropas alemãs. Um lançamento importante pela qualidade literária, pelo registro de fatos que não podem ser esquecidos, desta vez retratados, segundo um enfoque diferente - o dos meses imediatamente anteriores à guerra e o da retaguarda desolada e quase deserta.
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Um útil e objetivo livro: "É Preciso Mudar o Discurso em Recursos Humanos", de Enio Resende (Summus, 128 páginas, Cz$ 60,00). O autor propõe uma reformulação nos conceitos, modelos e técnicas de administração de recursos humanos. A intenção de Enio é provocar autocrítica e reflexão nos profissionais que atuam em atividades de administração de recursos humanos com relação às principais questões que envolvem seu trabalho. A primeira edição deste livro foi de circulação restrita. O êxito foi tanto que a Summus o inclui agora em seu catálogo, destinado especialmente a administradores.
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Outra obra destinada a uma categoria profissional, mas que merece atenção: "A Prática Política dos Profissionais/ O Caso do Serviço Social" (Cortez Editora). Diego Palma, investigador chileno, apresenta um texto sério e polêmico, abordando as questões quentes que preocupam as vanguardas latino-americanas do Serviço Social: a profissão e os setores populares, o subdesenvolvimento e a democracia, o cotidiano e a libertação social, o exercício e a política.
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"Alcoolismo: Os Mitos e a Realidade", de James Milam e Katherine Ketcham (Nobel, 218 páginas, Cz$ 80,00) é uma obra que provoca importante e necessária discussão sobre os conceitos de alcoolismo que se tem atualmente, situando-o como um sintoma de problemas psíquicos ou de uma personalidade inadequada. Os autores procuram mostrar que a teoria baseada nas causas psíquicas do alcoolismo é incorreta, levando a tratamentos com baixos índices de recuperação, nos quais o alcoólatra passa por repetidos internamentos até chega à morte, além de que esta teoria tende a estigmatizar o alcoólatra. Assim a obra propõe novas discussões sobre um assunto da maior atualidade.
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