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Aramis

As perspectivas que se abrem para a economia

Dentro de algum tempo - difícil prever datas, na dinâmica com que as coisas podem modificarem-se e acontecerem - não está fora de cogitação uma etapa de transformação turística dos 8 municípios lindeiros de Itaipu como o chamariz de um novo litoral paranaense. Este é um dos mais positivos aspectos do lago de 1.350 quilômetros quadrados e que com uma margem fronteiriça de aproximadamente 1.200 quilômetros lineares, vem reforçar as vocações turísticas já existentes em Guaíra e Santa Terezinha do Itaipu, São Miguel do Iguaçu, Missal, Marechal Cândido Rondon, Medianeira e Foz do Iguaçu - a médio e longo prazo. No caso de Guaíra, se por um lado perdeu Sete Quedas, por outro ganha o Centro Náutico, cuja implantação (já vem sendo feita em ritmo intenso) possibilitará a realização de inúmeros eventos que poderão funcionar como fator de atração turística. Acrescente-se a isso a existência de Salto del Guairá, no lado paraguaio, com potencial de atração para o comércio semelhante ao de Foz do Iguaçu/Cidade del Este, cuja travessia pode ser feita facilmente através de balsas e, futuramente, via ponte. Em menor escala, mas igualmente significativo, temos Santa Helena, cuja praia artificial já é fator de atração. Com a implantação de um posto para balsas e equipamentos complementares (alfândega, controle de imigração etc.) haverá condições para o estabelecimento de travessias regulares para Puerto Indio e, consequentemente, um reforço em seu potencial turístico. Outro ponto em que se vislumbrar mudanças no aspecto espacial é o eixo Foz do Iguaçu/Cascavel. Ao longo da rodovia BR-277, encontra-se as sedes urbanas de Santa Terezinha do Itaipu, São Miguel do Iguaçu e Medianeira - o que traz uma conturbação na estrutura urbana e, especialmente no tráfego. Em compensação, crescendo estes municípios, urbanamente, diminuirá a pressão sobre Foz do Iguaçu como gerador de empregos, modificando, inclusive a atual vocação de Santa Terezinha do Itaipu e São Miguel do Iguaçu como modestas cidades dormitório. xxx Uma reflexão necessária: o Paraná foi o único Estado brasileiro a ter crescimento industrial real em 1988 e, apesar da difícil conjuntura econômica nacional, nada indica uma diminuição nos anos 90 desta tendência. A economia é diversificada embora calçada na agroindústria. A estratégia primário-exportadora adotada pelo poder público tem sustentado o Paraná como celeiro do Brasil e de outros países, carreando-nos divisas importantes. Na realidade, a grande produção paranaense é escoada para o porto de Paranaguá ou para São Paulo. Neste ponto é que o projeto Diretrizes de Desenvolvimento Regional, elaborado pelo Instituto Iguaçu de Pesquisa e Preservação Ambiental faz um alerta. A arquiteta Maria Helena da Rocha Paranhos, executiva da Diretoria de Coordenação, destaca que o conjunto de intervenções previstas para os próximos anos - especialmente no setor de transportes - não torne mais aguda a estratégia primário-exportadora. Ou seja: é da maior prioridade que a rede plurimodal de transportes ajude na dinamização da industrialização local. Não é interessante que o escoamento de produção simplesmente passe pelas cidades paranaenses sem que elas sejam beneficiadas. A rede de transportes não deverá ser apenas um dreno da produção regional bruta para encaminhá-la a um beneficiamento industrial externo, que irá, eventualmente, devolver-nos o produto para o consumo. - "Esse valor agregado precisa ocorrer também em território paranaense", aponta a arquiteta Maria Helena, com base nos estudos elaborados e que resultaram neste importante plano de desenvolvimento regional que, com exclusividade, estamos antecipando em seus pontos principais. Há condições de se promover uma melhora quantitativa e qualitativa da economia regional (agricultura, indústria, comércio e serviços), tirando proveitos das chamadas intervenções (Ferroeste, pontes ligando o Paraná a Mato Grosso e Paraguai, hidrovias etc.) - e nisto o projeto é bem detalhado. Entretanto, de imediato, há já o que fazer: a região Oeste, como um todo - e especialmente a sub-região da área de influência do lago de Itaipu - devem procurar uma articulação interna, envolvendo não só as administrações locais, mas o empresariado e as comunidades para exercerem a devida pressão sobre as esferas governamentais estadual e federal, no sentido de conseguir o reconhecimento das prioridades que lhe são devidas - e a sua conseqüente implantação. Traduzindo em miúdos: há necessidade de lideranças autênticas (não necessariamente políticos, muitas vezes oportunistas) mostrarem, com seriedade, nas várias escalas, a mudança de uma grande parte do Paraná - na região Oeste, Itaipu, tão fundamental quanto foram ciclos econômicos anteriores do Paraná em décadas passadas. LEGENDA FOTO - Praias artificiais e esportes aquáticos já começam a acontecer em alguns municípios lindeiros ao lago de Itaipu. É o novo litoral paranaense com 1.200 km de extensão - maior do que a nossa costa atlântica.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
04/02/1990

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