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Aramis

"Pesquisas" que destroem

Uma sugestão para algum deputado estadual, bem intencionado e disposto a levantar uma causa justa na assembléia Legislativa: apresentar um projeto-de-lei que proíba aos professores do ensino fundamental e médio computarem como pontos "pesquisas ilustradas". Embora, por princípio, deva-se ser contra as proibições e atos que lembrem censura, está é uma das poucas - talvez a única fórmula - que evite que persista a proliferação das malfadadas "pesquisas escolares", que estão sendo responsável pela destruição de centenas de livros, especialmente enciclopédias, não só particulares - mas inclusive as poucas existentes na Biblioteca Publico do Paraná. Desde que surgiu a idéia de exigir dos alunos trabalhos ilustrados, professores (as) passaram a usar e abusar deste recurso, passando a dar notas em função apenas da "decoração" dos trabalhos, estimunlando não a criatividade, a imaginação das crianças e jovens, mas transformando-se em meros recortadores de revistas, livros e mesmo obras caríssimas - em busca de "gravaguras", "desenhos" e "imagens" exigidas. Vários apelos foram feitos aos diferentes secretários de Educação e Cultura, sem encontrar eco. Hoje, não só a rede oficial do Estado, mas também os mais sofisticados estabelecimentos de ensino particulares já possuem apostilas, que reservam amplos espaços para serem "ilustrados" pelas crianças - não com desenhos próprios, fórmula que séria louvável - mas, sim, com recortes. E, na ânsia de apresentar bonitos trabalhos, as crianças passam a destruir quaisquer coleções - não importando sua importância. Quando o secretário Luís Roberto Soares, da Cultura e Esporte, mostra-se sensível a qual seja a de bibliotecas infantos-juvenis em bairros da cidade, e que servirão para auxiliar as crianças, não se justifica que os futuros acervos destas unidades - enciclopédias, coleções de livros e revistas, fascículos etc., estejam sujeitos a permanente destruição - provocadas (e estimuladas) pelas próprias professores do ensino fundamenta, que ao exigirem bonitas ilustrações (técnica, por si, já discutível, já que na maioria das vezes isto leva os estudantes a se transformarem em meros copistas de livros) - não avaliam o dano que estão causados. As crianças filhas de pais que dispõem de recursos para adquirir revistas semanais ainda conseguem cumprir as tarefas sem maiores dificuldades, mas imagine-se que 90% das famílias não dispõe de orçamentos que possibilitem o gasto com revista ilustradas, que custam acima de Cr$ 25,00 por exemplar. A estas, uma antiga reinvidicação - principalmente, só restam encontrar uma fórmula habilidosa de, driblando a (já precária) vigilância das bibliotecas, recortarem com gilete ou simplesmente arrancarem as paginas de qualquer publicação, onde exista alguma ilustração que possa enriquecer seus trabalhos. Aparentemente um assunto banal, mas que é conseqüência dos descalabros do ensino, mal orientado por professores que por certo não imaginam as conseqüências de suas exigências. E como até agora a Secretária de Educação não teve condições de resolver tal problema - que hoje se estende a área do ensino particular - a esperança é de que algum deputado, capaz de se preocupar poe um problema sério, levante esta questão em plenário. Fundamentando-se com bons dados, por certo conseguirá sensibilizar a quem de direito. Aqui fica a dica!
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
1
25/04/1979

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