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Aramis

Phil & Quinn, 2 mestres musicais

Primeiro foi Phillip Young, 45 anos (comemorados no sábado, com alguns amigos), americano de Saint Louis, que, apaixonado pela Bossa Nova, chegou ao Brasil há 17 anos, morou em Vitória, passou por Porto Alegre e há 6 anos se fixou em Curitiba. Aqui convivendo entre o trabalho didático - inicialmente no Hospital de Clínicas da UFPR, depois, com um inovador curso de inglês - e o maior prazer de cantar o que existe de melhor no repertório americano - com sua voz privilegiadíssima. Agora chega a Curitiba outro americano apaixonado pela nossa música e que também se divide entre o magistério, a guitarra e o canto: John Joseph Quinn, 32 anos, americano de Chicago, três elepês independentes gravados e que, entre outros, já tocou nos grupos Survivor, S-yx, e trabalhou com membros dos grupos de Bob Dylan, Dionne Warwick e Frank Zappa. Contratado pelo Cebel, aqui está há três meses - por enquanto dedicando-se as suas classes, mas sem deixar de compor e preparar um show para breve no auditório Salvador de Ferrante. xxx Phil Young hoje já é uma personalidade admirada, respeitada e estimada em vários círculos da cidade - e cuja maneira informal, renovadora e criativa de ensinar inglês faz com que as vagas de seu curso sejam cada vez mais disputadas (assim como os cursos de verão e inverno que promove em Daytona Beach, Flórida, desde 1983). J. J. Quinn ainda não chegou a se enturmar em Curitiba - apesar de toda sua simpatia de comunicabilidade. Além de professor é também jornalista, tendo feito longas entrevistas com Charles Aznavour, Genesis, Roger Daltray e outros para o "Illinois Entertainer", entre outras publicações, para as quais, aliás, continua a escrever. Múltiplo instrumentista - toca violão, guitarra, baixo, alguns instrumentos de sopro - num curto período de tempo, gravou três elepês independentes, produzidos em Chicago: "Fells Like The Second Time", "Renvil" e "China In a Bull Shop", este último com alguns exemplares à venda na Livraria Dario Vellozo da Fundação Cultural. "China In a Bull Shop" - para o qual Quinn deu o subtítulo de "Whatever You Say" - é extremamente revelador de sua sensibilidade como intérprete e compositor. Demonstrando uma sincera influência brasileira, abre os dois lados do disco com temas intitulados "Xo Passarinho" e "Xo de Nova", com pitadas de Villa-Lobos. Trabalhando com diversos músicos de Chicago - aos quais, bem humoradamente chamou de grupo "Nuage" (numa analogia a Debussy, compositor que admira muito), Quinn entremeia vocais e intervenções na guitarra, teclados e baixo, sempre com muito equilíbrio. Em "Sans Paroles", por exemplo, é extremamente jazzístico, mostrando um bom domínio do piano, enquanto em outros momentos - como "No Edge" e "Boogie Moon", se alterna na guitarra e voz. Romântico e apreciador dos standards da música americana, reservou uma faixa para uma nostálgica interpretação do clássico "Love Letters" de Victor Young/Heyman. Romântico e ao mesmo tempo moderno - identificando-se desde o clássico ao estilo de Bob Dylan (prova disto é a gravação de "One More Night"), J. J. Quinn é um americano de muito talento e vigor que, optando por Curitiba para residir algum tempo veio com sonhos e esperanças de aqui mostrar sua música. Phil Young, radicado há mais tempo em nossa cidade, já sentiu que não são muitas as possibilidades de aqui poder apresentar um repertório selecionado, de bom gosto - pois, infelizmente faltam espaços apropriados. Tanto é que Young tem recebido convites para fazer apresentações em Porto Alegre, onde existem casas noturnas que não vivem apenas de roda-de-samba e do roque metaleiro. Já J. J. Quinn, ainda tentando nossos caminhos musicais, praticamente só se fez ouvir numa solitária madrugada num dos botequins do Largo da Ordem. Ambos - Young e Quinn - possuem méritos para se fazerem ouvir com atenção e possibilidades profissionais. Basta que quem de direito promova suas entradas nos palcos.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
27/03/1985

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