Login do usuário

Aramis

Pintando o 7

Em novembro de 1970, na inauguração do Salão Paranaense de Belas Artes, dois jovens revelação daquela mostra oficial: Fernando Bini com suas telas empregando a técnica de quadrinhos (bailões, muita ação nos personagens, etc.), e Vera Sabino, com seus trabalhos em acrílico. Bini esperou três anos para fazer sua primeira individual, finalmente inaugurada quarta-feira, no Museu de Arte Contemporânea. Desde 1967 vinha participando de salões, foi incluído em nove coletivas e já conta em seu curriculum com cinco premiações, entre os quais o segundo lugar no XXVII SPBA (1970). * Com seus trabalhos criativos, de muiya personalidade, sem abandonar a profunda influência dos "comics" que curte desde a infantil, Bini acrescenta em suas telas mais recentes também os signos contemporâneos e iconográficos, muitas vezes de uma forma irônica (e até sensual) no relacionamento com as personagens femininas, presentes na mairia de seus 25 quadros em exposição. Aliás, como acentuou Fernando Velloso, diretor do MAO "o nú elemento constante das proposições do artista, circundado de signos cabalísticos é visto dentro de uma ética que evidencia o propósito de criticai a mas sificação do sexo transformando em artigo de supermercado. O realismo crítico de supermercado. O realismo crítico e a linguagem sem rodeios adotados pelo artista em sua mensagem plástica representa uma etapa na qual ele não pensa acomodar-se por longo tempo. Os seus propósitos são de encontrar um caminho que o conduza a uma arte conceitual de sentido lúcido, identificada com o seu temperamento. * João Osório Brazezinski, diretor da Casa Alfredo Anderson, vai passar as próximas semanas sem sair de seus atelier: prepara 20 telas para uma individual na galeria circular do paiol. * De uma forma geral, os resultados foram acima do que se esperava: um bom nível na mairia dos trabalhos dos chamados "artistas de domingo", na coletiva inaugurada na segunda-feira passada dia 16, no Paiol. Em especial os óleos do engenheiro Euro Brandão, professor da Escola de Engenharia, da UFP, ex-diretor da RVPSC, um técnico permanentemente requisitado, mereceram muitos elogios, mesmo de críticos rigorosos, como o advogado Eduardo Rocha Virmond. Ex-discipulo de Guido, Viaro, os trabalhos do professor Euro Brandão tem muita comunicação. Outro artista bastante elogiado foi Arcesio Niclewicz, médico, dono de laboratório de análises clinicas. Já o desenhista José Maria Araújo, do Badep, surpreendeu com suas esculturas, assim como o médico Acir Mulinari. * O coronel Rubens Mendes de Moraes, o mais antigo oficial da Polícia Militar também comparecem a mostra, com óleos retratando sua querida cidade natal. Morretes * O empresário Mirtilo Trombini com suas esculturas , focalizando personalidades de nossa vida pública (governador Parigot de Souza, secretário Osmario Zuli etc.), o pediatra Waldemar Monastier com seus óleos impressionante e tantos outros expositores - todos com valor em suas proposições - demonstraram, nesta primeira coletiva, a outra face de homens e mulheres que aproveitam suas horas de folga para uma criação artística, pessoal e honesta. * Quem deve passar esta semana por Curitiba é Juarez Machado, que está retornando da Europa. O bom amigo acertou um esquema de trabalho que permitirá passar seis meses na França e Itália, produzindo "cartoons", com o seu estilo personalíssimo de humor ("nom sense"), em breve nas páginas de "Mad", "lui", "Playboy" e outras sofisticadas publicações (algumas delas agora proibida no Brasil). * Ivany Moreira está entusiasmada com a primeira individual que fará a partir do dia 27 na galeria do Centro Cultural Brasil-Estados Unidos. São desenhos que revelam uma artista de muita força e inspiração, segundo parecer de quem já examinou seus trabalhos. * Um contratempo impediu que o paranaense Ivens de Jesus Fontoura fosse incluído na representação do Brasil da Bienal de Paris, a inaugurar-se em setembro na Capital francesa. Além da seleção dos artistas houve seleção dos países. Dos inicialmente convidados 19 foram cortados: Argentina - Birmania - Chipre - Cuba - Finlândia - Índia - Islândia - Israel - Líbano - Lusemburgo - México - Nova Zelândia - Peru - Portugal - Senegal - Suécia - Turquia - Rússia e Venezuela. Entre os que ficaram está o Brasil, "o que consideramos uma façanha diante do rigor deste júri internacional da seleção", segundo Walmir Ayala ("Jornal do Brasil"), que ao lado de Antônio Bento, presidiu da associação Brasileira de críticos de Arte, fez as indicações iniciais, de nosso País. O trabalho de Ivens (uma proposta de arte ambiental, utilizando os abandonados silos da falida companhia de cimento nas margens da estrada do encanamento, município de Piraquara) não pode ser enviado a tempo, pois a maqueta sofreu alguns estragos após ter sido premiada no último Salão de Belas Artes: Assim a representação brasileira ficou com três no mês: Guilherme Vaz, a dupla Beatriz Dantas e Paulo Emílio (indicada de Belo Horizonte pelo crítico Morgan Mota) e Antônio Dias (proposto pela Itália). * A pintora Vera Abino, esposa do publicitário Carlos Augusto (que acaba de deixar a Lema e está associando-se a Victor Johnson) circulando novamente: nasceu sua filha, para a qual ainda não escolheu o nome. * A advogada Mirtes Magda Gomes, assessora da Assembléia Legislativa e que tem feito cursos no Exterior, vai mostrar uma nova faceta de seu talento: está se dedicando aos desenhos para uma individual, dentro de 60 dias.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
1
22/04/1973

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br