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Pio lembra Milton, aquele que criou o HC

Biógrafo e um dos maiores amigos do médico e professor Milton de Macedo Munhoz (Curitiba, 22/12/1901 - 9/7/1977), o também médico e professor Pio Taborda Veiga, 79 anos, irritou-se pela omissão do seu nome em recente solenidade alusiva aos 31 anos de inauguração do Hospital das Clínicas. Afinal, se houve um mestre da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Paraná e, especialmente, executivo que se empenhou para a construção daquele hospital-escola foi Milton de Macedo Munhoz. Co-autor, com Hamilton Lacerda Suplicy, de "Uma Vida Para Ser Imitada e Imortalizada" (volume 7 da galeria Médica do Paraná, Fundação Santos Lima, 417 páginas, 1988), Pio preparou um belo texto sobre o idealizador do Hospital de Clínicas, que, por sua oportunidade, mereceu transcrição dos anais da Câmara Municipal, conforme proposta apresentada pelo vereador Mário Celso, aprovada no dia 25 de fevereiro. xxx Pio Taborda Veiga lembra os diversos cargos exercidos por Milton de Macedo Munhoz, que em 1935, já era designado como secretário da Faculdade de Medicina e no qual desenvolveu importantes iniciativas para a melhoria do ensino - "sentindo então a necessidade da construção de um hospital-modelo, para complementar o ensino dos médicos". Em 1946, Milton foi nomeado diretor geral da Saúde Pública do Paraná, escolhido pelo general Mário Gomes da Silva, que, por poucos meses, exerceu a interventoria do Estado em substituição a Manoel Ribas, Eleito Moyses Lupion, o professor Milton foi o único integrante do governo-temporão a continuar no cargo. E foi, justamente, da amizade com o governador Lupion, que nasceu a possibilidade da construção do Hospital de Clínicas. xxx Em outubro de 1947, apresentava a Lupion um projeto do hospital que, originalmente, deveria servir a Faculdade de Medicina mas com administração do Estado. O ato n. 4007/48, publicado no Diário Oficial do estado, desapropriava uma área de 2.687 metros quadrados de um terreno de propriedade de Agostinho de Leão Júnior, onde, em princípios de 1949, era lançada a pedra fundamental. As obras tiveram início e em 1950 já atingiam o último pavimento quando foram paralisadas devido a problemas político-administrativos. Só em outubro de 1953, por força da Lei n. 1212/53, foi realizada a transferência do Hospital de Clínicas para a Reitoria da Universidade do Paraná e sete meses depois, maio de 1954, era procedida uma revisão a atualização do projeto original, com a orientação do professor Odair Pedroso, que já havia feito projetos do Hospital de Clínicas de São Paulo e da Santa Casa de Santos. Em 1959, era constituída a Comissão de Equipamento do HC, presidida por Milton Munhoz - e com a participação dos Srs. Ewaldo Nickel, Vicente Bettega e Haroldo Beltrão. Coube a estes homens a planificação de utilização de um hospital de dimensões inéditas para o Paraná na época - 42.000 metros quadrados - e cujo equipamento cirúrgico foi importado diretamente, permitindo uma grande economia. xxx Finalmente, em 26 de março de 1960 - poucos dias antes de deixar o governo, Moyses Lupion - que havia iniciado a obra - inaugurava o HC, numa cerimônia em que o presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira não pôde comparecer, sendo representado pelo seu ministro da Educação e Cultura, o gaúcho Clovis Salgado. Na época, o general Benjamin B. Galhardo comandava a 5a. Região Militar, o general Iberê de Mattos era prefeito de Curitiba e o arcebispo Dom Manoel Silveira Délboux. Passados 32 anos da inauguração do HC, esta unidade de tratamento e ensino tem uma histórica presença dentro da vida paranaense. Mesmo desvirtuada em muito dos princípios originais, enfrentando sérios problemas financeiros e mesmo de utilização, é, ainda, um estabelecimento da maior importância dentro de nossa capital. "Razão pela qual, o nome do homem que o idealizou e se dedicou por quase 20 anos a sua implantação não pode ser esquecido", diz Pio Taborda veiga, pediatra de várias gerações, no vigor de uma juventude septuagenária que o está levando-se a preparar-se para sua habitual viagem a Europa, "desta vez demorando-me na Espanha, pois quero participar dos festejos do V Centenário da descoberta da América".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
07/03/1992

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