Login do usuário

Aramis

Poty vai à Suíça para mostrar seus desenhos

O maior dos nomes das artes plásticas do Paraná, Poty Lazarotto, não é, em absoluto, um globetrotter. Embora tenha residido alguns anos, em sua juventude, em Paris, quando sua esposa, Célia Novaes, ali dirigia a Casa do Brasil, e, naturalmente, conhecido bem a Europa, Poty sempre preferiu a tranqüilidade de seu atelier. Ou, então, conhecer o interior do Brasil, sendo um dos primeiros artistas a se voltar ao Parque Nacional do Xingu, como grande amigo dos sertanistas Villas Boas, numa época em que poucos sabiam sequer do maravilhoso trabalho que aqueles defensores das nações indígenas ali faziam. Portanto, até os mais íntimos amigos do bom Poty surpreenderam-se quando ele confirmou que na próxima semana estará embarcando para a Europa. Especificamente para a Suíça, para uma individual de desenhos e gravuras - em galeria que não revelou o nome nem mesmo para seu irmão Joãozinho. O máximo de concessão turística que Poty se deu foi estender sua viagem a Alemanha, e isto porque irá em companhia de um grande amigo, colecionador, filho de alemães - o que facilita a comunicação. xxx Antes de embarcar, entretanto, Poty deve entregar ao arquiteto Rubens Meister, autor do projeto de preservação da fachada do antigo Palácio Avenida - agora Edifício Avelino Vieira, e a professora Maria Christina Vieira, presidente da Fundação Avelino Vieira, os detalhes do painel que será executado no interior do auditório que o edifício abrigará. Como curitibano que desde sua infância acostumou-se a freqüentar o cine-teatro Avenida e também a "Guairacá" - restaurante-bar que marcou época na cidade, Poty aceitou com prazer o convite para desenvolver um painel, em concreto, que se incorporará como decoração principal no auditório do edifício Avelino Vieira, cujas obras entram agora em sua etapa final - com vistas a inauguração prevista para as primeiras semanas de 1991. Serão 60 metros em concreto, no qual Poty desenvolverá temas ligados ao cinema, teatro, a vida cultural curitibana - que ele tão bem conhece e acompanha há meio século. Se, em 1929, quando o luxuoso Palácio Avenida, com o seu cine-teatro foi inaugurado, no dia 1º de maio com a projeção de "Moulin Rouge", os convidados na festa de abertura se deslumbraram com o luxo do primeiro espaço construído especialmente para ser um cinema na cidade, agora, 51 anos depois, igual carinho cerca o espaço que o projeto do professor Meister destinou ao auditório com multi-atividades que ali será base de um centro cultural para voltar a movimentar a hoje poluída, suja e perigosa avenida Luiz Xavier. Rubens Meister, é, aliás, um dos arquitetos mais preocupados com projetos de auditórios e cinemas e, nestes últimos anos, tem lamentado que ao invés de oportunidades para planejar novas salas de espetáculos, veja melancolicamente, o fim de tantos cinemas. Se o maior de seus projetos - o Teatro Guaíra, ao qual se dedicou por quase três décadas (e cujo acompanhamento, sempre que há reformas e mudanças, contratualmente ainda supervisiona como consultor) foi o seu trabalho de maior prestígio, Meister também gosta de lembrar salas menores, inclusive cinemas hoje desativados, mas que projetou com carinho. Durante anos, um dos melhores cinemas do interior do Brasil, na cidade de Lages, valia como exemplo de sala com excelente visibilidade, acústica perfeita e belo projeto estético. E foi um projeto de Rubens. O futuro auditório do edifício Avelino Vieira, cuja administração deverá ser orientada pessoalmente pela professora Maria Christina Vieira para evitar que a mesma venha a se tornar mais um espaço mal aproveitado (como tantos que caíram, infelizmente, em mãos de entidades oficiais), já começa a ter delineado seus primeiros eventos. Um calendário que prestigiará, realmente, aquilo que só com apoio de um banco da dimensão do Bamerindus poderia acontecer em Curitiba.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
24
16/08/1990

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br