Práticos de Paranaguá irão atuar no turismo
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 23 de outubro de 1983
A partir do segundo trimestre de 1984, dois modernos e confortáveis barcos, com capacidade para 120 pessoas, estarão fazendo um roteiro turístico no Litoral paranaense. Num investimento de mais de Cr$ 500 milhões, a Transturmar adquiriu nos estaleiros Corena, em Itajaí, duas embarcações turísticas que, originalmente, foram encomendadas para empresas que exploram o turismo em rios da Amazônia. Entretanto, por razões de ordem financeira, não puderam arcar com o compromisso, transferindo assim a encomenda para a empresa paranaense.
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a Transturmar pertence aos 16 práticos que trabalham no porto de Paranaguá e que formaram esta empresa há 12 anos, inicialmente para agenciar os contratos de trabalho - geralmente firmados com grandes empresas internacionais de navegação. Entretanto, a Transturmar está agora crescendo para o lado turístico e um dos primeiros passos, ao que informa o seu ex-presidente, Wilson Fernandes da Silva, é agilizar a área turística.
Considerando a inexistência de uma infra-estrutura de serviços turísticos que ofereçam grandes opções aos interessados em conhecer o Litoral paranaense, o projeto é, inicialmente, fazer pequenos cruzeiros - usando para tanto as confortáveis e modernas embarcações. Para uma segunda etapa está prevista a aquisição do hotel da Ilha do Mel - um projeto que vem se arrastando há muitos anos. O ex-deputado federal José Carlos Leprevost foi o primeiro a tentar o empreendimento mas, face ao volume de investimentos necessários, acabou se afastando. Assumiu, então um grupo português, que, ao que parece, também não teve fôlego para a implantação total do projeto hoteleiro, dentro da paradisíaca ilha - que, há anos, vem sendo namorada para vários projetos - mas que, de fato, nada teve de definido para um melhor aproveitamento turístico.
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O trabalho de prático - ou seja, o piloto que comanda de fato qualquer navio entre a barra do porto até o cais - está entre os mais bem remunerados do mundo. Trabalhando por horas e recebendo com base em tabelas com cálculos em dólares, estes profissionais são altissimamente bem pagos, já que a responsabilidade dos mesmos é grande: no momento em que assumem o navio, se encarregam de sua perfeita condução dentro da baia. a de Paranaguá - com um percurso de 60 km nos quais o prático é que conduz o navio - é considerada das mais difíceis do mundo, razão pela qual a tabela de remuneração é também mais elevada do que em outros portos.
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Entre os 16 profissionais filiados à Associação dos Práticos do Estado do Paraná, que trabalham em Paranaguá, há nada menos que seis advogados, dois engenheiros-civis e vários ex-comandantes de navios. Com uma média de 150 navios mensais - numa base de cinco que chegam ou deixam o porto a cada dia - pode-se imaginar o grande número de serviços que os práticos têm - e o que isto representa em remuneração mensal. Organizados e com visão empresarial, estes profissionais estão agora dispostos a investirem e projetos mais amplos - através da Transturnar.
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O atual presidente da Associação é o sr. Adriano Gustavo Vidal, que também preside o Conselho Nacional de Práticos - e, ainda acumula a direção executiva da Transturmar. O acervo, aliás, desta empresa já é considerável - incluindo 49 embarcações, que são usadas para transportar os práticos de Paranaguá até a entrada da barra, quando chegam os navios.
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Um detalhe interessante, que o prático Wilson Fernandes da Silva, 36 anos - trabalhando nesta área desde os 19 - diz com muito orgulho: os práticos são considerados como profissionais da maior categoria em todo o mundo, sendo o seu trabalho classificado, inclusive, como de segurança nacional. e a associação mundial de práticos tem como presidente de honra nada menos que o rei Juan Carlos, da Espanha, que antes de assumir o trono, chegou a exercer esta função em portos de seu país. Afinal, se a abertura espanhola não tivesse funcionando a contento - e sua posse fosse impedida - ele teria uma profissão que lhe daria tanta tranqüilidade financeira como o cargo de rei dos espanhóis.
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