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Aramis

Quando os tenores cantam o popular

Desde o tempo do grande Caruso (Enrico, 1873-1921) que os grandes mestres do bel-canto, vez por outra, deixam o rigor operístico e fazem registros de canções menos líricas - mas capazes de aproximá-los, ainda mais, de imensas faixas de público que não acompanham exclusivamente a música operística. Esta tendência tem aumentado nos últimos anos, quando além de participações em filmes sofisticadíssimos, virtuoses como Luciano Pavarotti ("Yes, Giorgio"), Plácido Domingos ("La Traviatta" e "Otello" de Franco Zefirelli; "Carmen", de Francesco Rossi) e José Carreras têm intensificado suas gravações que podem ser classificadas de populares. O tenor americano, radicado na Alemanha, Simon Estes - hoje um dos nomes em maior ascendência no mundo lírico - também têm se diversificado seus registros e ainda recentemente saiu um belíssimo álbum no qual interpreta Spirituals. A Polygram, que tem trazido a maioria destas gravações ao Brasil, acrescenta agora mais um álbum mostrando o lado popular de Pavarotti ("Passione", London, junho/86), no qual acompanhado pela orquestra do Teatro Comunale di Bologna, interpreta cançonetas de autores italianos (Russo/ Di Capua; A. Mario; Bovio) e até o conhecidíssimo "Core'ngrato" de Cardillo/ Cordiferro/ Colibi. Já Simon Estes, após o seu elepê que se pode chamar de profano, aos ouvidos mais exigentes, retorna fonograficamente numa produção classe A, registrada há dois anos, em Dresden, na Alemanha Oriental, com a Orquestra Estadual daquela cidade, sob a regência de Sir Colin Davis: a íntegra de uma das mais importantes obras de Gabriel Fauré (1845-1924), com o Requiém, Opus 48, uma obra densa, difícil de ser absorvida em uma primeira audição, mas que ganhou extraordinária dimensão nas vozes de Simon Estes e da soprana Lucia Popp. Fauré foi um homem mundano na Paris do final do sécullo XIX, tão bem descrita por Proust em seu "Em Busca do Templo Perdido", organista e professor de música, que deixou poucas mas marcantes obras de fundo eclesiástico - e das quais, este "Réquiem" é considerado um dos mais perfeitos exemplos. Com sua edição, em precioso lançamento, gravação digital, a Polygram satisfaz um público exigente e conhecedor do gênero.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
4
07/09/1986

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