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Aramis

Quase mil anos da jovem MPB com as Cantoras do Rádio e Meninos do Rio

Está na mãos da [Sra.] Marlene Montenegro, administradora-programadora do auditório Maria José Andrade Vieira - e, naturalmente, na sensibilidade da presidente da Fundação Cultural Avelino Vieira, a elegante Maria Cristina Vieira, a realização em Curitiba de dois eventos do maior significado para a memória da música brasileira: a promoção de temporadas de "As Cantoras do Rádio" e a estréia de "Os Meninos do Rio", reunindo quase mil anos de talentos de nossa mais autêntica MPB. Sobre as Cantoras do Rádio já nos referimos há algumas semanas. Trata-se da reunião de cantoras como Nora Ney, Ellen de Lima, Violeta Cavalcanti, Rosita Tomas Lopes, Zezé Gonzaga que, há mais de três anos, em show dirigido por Erico de Freitas, vem encantando multidões com o revival que fazem de seus maiores sucessos entre os anos 40/50. Já "Os Meninos do Rio" ainda não estreou! Idealizado por Helton Altmann, dono do "Vou Vivendo" e o grande agitador cultural da música em São Paulo e o poeta e incansável produtor Hermínio Bello de Carvalho, este espetáculo - a estrear em breve com auspícios do Sesc, em São Paulo - reúne nada menos que Herivelto Martins, 80 anos completados dia 30 de janeiro último; Braguinha (João de Barro/Carlos Alberto Ferreira Braga), 85 anos comemorados no último dia 1º de abril e Mario Lago, 80 anos completados em 26 de novembro do ano passado. Feliz o país que tem quatro gigantes da estatura humana e artística de Braguinha, Herivelto, Claudionor e Lago, autores de centena[s] de músicas maravilhosas, carreiras das mais dignas, [octogenários] com vigor e força para chegarem ao palco num belíssimo espetáculo que, por certo, Hermínio, saberá realizar com tod[a] sua competência e tendo à produção executiva de Altman, que consagrou o seu "vou Vivendo" e o "Clube do Choro", como os melhores ambientes musicais de São Paulo. As Cantoras do Rádio podem ser ouvidas num belo disco, lançado pela CIC no ano passado - e que com alguma pesquisa se encontra a preços convenientes nos balcões de ofertas dos supermercados e lojas de departamentos. Herivelto, está sendo lembrado ao menos em livro e com a regravação de alguma[s] de suas músicas. O grande Braguinha tem que ser ouvido em antigas gravações já que apesar de ser o último grande compositor carnavalesco, há anos não consegue ter suas (novas e inéditas), marchinhas e sambas gravadas. Claudionor Cruz, então jamais teve um elepê-solo. Apesar de sucessos como "É com Este que Eu Vou", "Capricho do Destino", "A Felicidade perdeu seu endereço etc.) até hoje nunca teve chance de merecer um elepê-solo. Suas músicas estão espalhadaas em diferentes registros, a maioria, infelizmente fora de catálogo. Há alguns anos, o radialista e compositor Claudio Ribeiro, hoje na sub-chefia da Casa Civil do governo Roberto Requião, chegou a iniciar a produção de um elepê em homenagem a Claudionor (que constantemente vinha a Curitiba, como seu hóspede), que chegou a ter algumas sessões registradas no Audisom. Entretanto, por falta de recursos, o projeto foi congelado. Claudio, apesar de estar hoje próximo ao poder, ainda não conseguiu ajuda. Felizmente, Mário Lago, foi lembrado no ano passado por ocasião de seus 80 anos. Assim mesmo graças a iniciativa de seu filho, que movendo céus e terras, conseguiu mostrar aos executivos da Sigla/Som Livre, a importância de se fazer um disco reunindo diferentes intérpretes para mostrarem um pouco d lado musical de Mario Lago. O resultado é um dos melhores discos já produzidos nos últimos dois anos, semelhante aos que a mesma Sigla, em projetos de Aretuza Garibaldi, dedicou a Cartola, Ataulfo Alves e Adoniram Barbosa.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
4
12/04/1992

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